2.10.16
Rui Ribeiro Couto: "Soneto da fiel infância"
Soneto da Fiel Infância
Tudo que em mim foi natural – pobreza,
Mágoas de infância só, casa vazia,
Lutos, e pouco pão na pouca mesa –
Dói na saudade mais que então doía.
Da lamparina do meu qarto, acesa
No pequeno oratório noite e dia,
Vinha-me a sensação de uma riqueza
Que no meu sangue de menino ardia.
Altas horas, rezando no seu canto,
Minha mãe muitas vezes soluçava
E dava-me a beijar não sei que santo.
Meu Deus! Mais do que o santo que eu beijava,
Faz-me falta o cair daquele pranto
Com que ela junto ao peito me molhava.
COUTO, Rui Ribeiro. "Soneto da fiel infância". In:_____. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: José Olympio, 1960.
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Poema,
Rui Ribeiro Couto
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