7.4.16

Marcos Medeiros: "Mar-Língua"




Mar-Língua

Este mar que nos banha,
esse torrão de sal que somos,
essa alma carregada de destino:
ter vindo um eterno vir
mesmo que o mar dissesse não.

Minhas quilhas singram o oceano,
a linha do horizonte.
Navegando cidades minha imagem é a tua,
como a de qualquer povo.

Pesadas chaves silenciam a origem.
Seguir as pegadas no labirinto verde,
enquanto a manhã é uma incógnita.

Foram-se ao mar as velhas naus
com elas embarcaram as incertezas -
homens e mar: a língua portuguesa.



MEDEIROS, Marcos. "Mar-Língua". In:_____. Somos atlânticos. Rio de Janeiro: Gôndola, 2016.

Um comentário:

Alcione disse...

rua das acácias

tenho essa ânsia de partir
partir, partir
navegar é preciso
encontrar o que preciso
mas, para onde
se tudo que traço
esboço, quadro
escultura
são a tua imagem pura
aos poucos
a poucos metros de ti
ao lado da minha nova casa
na rua das acácias
meu tempo é
luz, lar, beira-mar.