Velhice e gôzo
As mulheres me dizem: – Anacreonte,
Toma um espelho e olha-te!
Velho! Nem tens cabelos nessa fronte!...
Vês? O tempo desfolha-te.
Se eu tenho ou não a fronte encalvecida,
Não sei. Velho, porém
Sei que, ao fim do destino, mais a vida
Deve gozar-se – e bem!
ANACREONTE. "Ode 7.1". Trad. de Almeida Cousin. In: COUSIN, Almeida (org.). Odes de Anacreonte. Rio de Janeiro: Pongetti, 1948.
2 comentários:
O nosso Basílio da Gama, decerto, bebeu a fonte lapidada por Anacreonte, tão vívida através dos séculos, e emendou com este soneto, que bem podia trazer consigo na epígrafe, um verso desta Ode Imortal.
Segue com o abraço do
Arsenio Meira Júnior
"Já Marília cruel, me não maltrata
Saber que usas comigo de cautelas,
Que inda te espero ver, por causa delas]
Arrependida de ter sido ingrata:
Com o tempo tudo se desbarata,
Teus olhos deixarão de ser estrelas];
Verás murchar no rosto as faces belas,]
E as tranças d’ouro converter-se em prata.]
Pois se sabes que a tua formosura
Por força há-de sofrer da idade os danos,]
Por que me negas hoje essa ventura?
Guarda para seu tempo os desenganos,]
Gozemo-nos agora, enquanto dura,
Já que dura tão pouco a flor dos anos.
Basílio da Gama
(Brasil 1741-Portugal1795)
- In Cinco séculos de poesia -
Antologia da poesia brasileira clássica
Seleção: Frederico Barbosa
Landy Editora.
belo poema!
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