4.5.14

Anacreonte: "Ode 7.1": trad. Almeida Cousin




Velhice e gôzo

As mulheres me dizem: – Anacreonte,
Toma um espelho e olha-te!
Velho! Nem tens cabelos nessa fronte!...
Vês? O tempo desfolha-te.

Se eu tenho ou não a fronte encalvecida,
Não sei. Velho, porém
Sei que, ao fim do destino, mais a vida
Deve gozar-se – e bem!




ANACREONTE. "Ode 7.1". Trad. de Almeida Cousin. In: COUSIN, Almeida (org.). Odes de Anacreonte. Rio de Janeiro: Pongetti, 1948.

2 comentários:

Anônimo disse...

O nosso Basílio da Gama, decerto, bebeu a fonte lapidada por Anacreonte, tão vívida através dos séculos, e emendou com este soneto, que bem podia trazer consigo na epígrafe, um verso desta Ode Imortal.

Segue com o abraço do
Arsenio Meira Júnior

"Já Marília cruel, me não maltrata
Saber que usas comigo de cautelas,
Que inda te espero ver, por causa delas]
Arrependida de ter sido ingrata:

Com o tempo tudo se desbarata,
Teus olhos deixarão de ser estrelas];
Verás murchar no rosto as faces belas,]
E as tranças d’ouro converter-se em prata.]

Pois se sabes que a tua formosura
Por força há-de sofrer da idade os danos,]
Por que me negas hoje essa ventura?

Guarda para seu tempo os desenganos,]
Gozemo-nos agora, enquanto dura,
Já que dura tão pouco a flor dos anos.

Basílio da Gama
(Brasil 1741-Portugal1795)

- In Cinco séculos de poesia -
Antologia da poesia brasileira clássica
Seleção: Frederico Barbosa
Landy Editora.

Siegfried Fuchs disse...

belo poema!