3.4.14

William Shakepeare: "Sonnet LV" / "Soneto LV": trad. Péricles Eugênio da Silva Ramos






Sonnet LV


Not marble, nor the gilded monuments

Of princes, shall outlive this powerful rime;

But you shall shine more bright in these contents

Than unswept stone, besmear’d with sluttish time.

When wasteful war shall statues overturn,

And broils root out the work of masonry,

Nor Mars his sword nor war’s quick fire shall burn

The living record of your memory.

’Gainst death and all-oblivious enmity

Shall you pace forth; your praise shall still find room

Even in the eyes of all posterity

That wear this world out to the ending doom.

  So, till the judgment that yourself arise,

  You live in this, and dwell in lovers’ eyes.





Soneto LV


De mármore não sei, nem de áureos monumentos

Que sobrevivam ao meu canto poderoso:

O tempo mancha a pedra, enquanto em meus acentos

Tu sempre ostentarás um brilho vigoroso.

Quando estátuas a guerra infrene derruir

E as próprias construções das bases arrancar,

Não poderão espada ou fogo destruir

Este arquivo imortal que te há de relembrar.

Indiferente a morte e a olvido hás de viver,

E encontrará guarida o teu louvor supremo

No olhar das gerações que se hão de suceder

Até que o mundo atinja o seu momento extremo.

   Assim, até o juízo em que despertarás,
   Em meu verso e no olhar dos que amam viverás.




SHAKESPEARE, William. Sonetos. Org. e trad. De Péricles Eugénio da Silva Ramos. São Paulo: Hedra, 2008.

2 comentários:

Alcione disse...


Cantata

Voam as papoulas
Brancas, lilases,
Parecem suspirar
Tontas ao vento
Tocam notas
Flutuam ao luar
Miram as estrelas
Que brilham
Antes de findar
E qual seria o intuito dessa vida
Senão de exaltar
Esse pão de cada dia
Malgrado o tempo
Sem qualquer intento
Vagando entre a luz e a escuridão
Pois só não finda esse amor tão belo
Que na correnteza é como um elo.

ADRIANO NUNES disse...

Cicero,


Obra-prima! Obrigado por publicar William Shakespeare! Salve! Depois, enviarei a minha tradução deste belíssimo poema!


Abraço forte,
Adriano Nunes