As rosas do tempo
Admirável espírito dos moços,
a vida te pertence. Os alvoroços,
as iras e entusiasmos que cultivas
são as rosas do tempo, inquietas, vivas.
Erra e procura e sofre e indaga e ama,
que nas cinzas do amor perdura a flama.
ANDRADE, Carlos Drummond de. “Viola
de bolso”. In:_____. Poesia completa.
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2002.
4 comentários:
Sempre me incomodou o lance de nomear um poeta como o maior, em detrimento de tantos outros poetas de envergadura, grandeza, genialidade. Mas Drummond é, para mim, um poeta essencial. Se o chamo de Poeta Maior, o incômodo permanece, pois lembro e sinto remorso para com Bandeira, que se disse menor, mas José Paulo Paes com propriedade, tratou de poetizar devidamente o tema:
"Epitáfio
Poeta menormenormenormenormenor
menormenormenormenormenorenorme”
Excelente lembrança ou resgate, Cicero. Bem o sabes que Carlos Drummond de Andrade enxergou "Os Inocentes do Leblon" e muito mais.
Abraços
Arsenio Meira Júnior
Caro Arsenio,
excelente lembrança é essa sua do poema do José Paulo Paes.
Falo d' "Os inocentes do Leblon" aqui:
http://antoniocicero.blogspot.com.br/search?q=marcio+renato.
Abraço
Bom dia, Prezado Poeta:
Obrigado pela indicação da entrevista que concedestes. Eu já havia lido e, agora, reli, rs. As referências só enriquecem, definitivamente, a sua lírica.
E nenhum escritor pode deixar de dialogar em seu texto com os seus pares queridos, sob pena de isolar-se. Ana C. César, penso, foi ao extremo dessa vertente, mormente no poema "Tu queres sono: despe-te dos ruídos", cujo DNA, como sabes, , já havia sido gerado pelo grande Jorge Lima, em seu famoso livro "Invenção de Orfeu", com o soneto "Tu queres ilha: despe-te das coisas."
Jamais vou esquecer os anos 80, e a primeira vez que ouvi a canção Virgem. Já era leitor de Drummond, ainda que bastante jovem; fiquei confuso com a alusão e chapado pela canção. A melodia é linda e espontaneamente, como se fosse um outro poemas tecido acorde, gerou uma bela canção pop, com a presença luminosa de Marina, Drummond e a sua. O clipe também! rsrs; você apareceu de relance, e jamais iria imaginar que um dia estaria batendo um bom papo com você, cuja integridade e veia poética dispensam comentários.
Eu não me canso de falar do seu poema INVERNO, cuja imenso talento da Calcanhoto transformou em canção. Inverno é tão palpável, tão concretamente palpável; os versos já entraram para o imaginário pop. O poema deveria constar em toda e qualquer antologia da poesia brasileira contemporânea ou atemporal. Mas parece - raras exceções - que uma vez musicado, as pessoas demitem o poema de ser poesia... E não é assim.
Abraço e excelente semana
Arsenio Meira Júnior
Ps - O poeta Eucanaã Ferraz é uma dessas exceções, pois ele incluiu Inverno na antologia por ele organizada chamada "Veneno Antimonotonia".
Caro Arsenio,
é um privilégio ter um leitor como você.
Abraço grande
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