9.12.12
Bertolt Brecht: "Den Nachgeborenen" / "O nascido depois": trad. Paulo César de Souza
O nascido depois
Eu confesso: eu
Não tenho esperança.
Os cegos falam de uma saída. Eu
Vejo.
Após os erros terem sido usados
Como última companhia, à nossa frente
Senta-se o Nada.
Den Nachgeborenen
Ich gestehe es: ich
Habe keine Hoffnung.
Die Blinden reden von einem Ausweg.
Ich sehe.
Wenn die Irrtümer verbraucht sind
Sitzt als letzter Gesellschafter
Uns das Nichts gegenüber.
BRECHT, Bertolt. Werke. Große kommentierte Berliner und Frankfurter Ausgabe. Frankfurt: Suhrkamp, 1988.
BRECHT, Bertolt. Poemas 1913-1956. Tradução de Paulo César de Souza. São Paulo: Editora 34, 2000.
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3 comentários:
Tomei a liberdade de apresentar uma tradução mais fiel ao original.
Às futuras gerações
Confesso:
Não tenho esperança.
Os cegos falam de uma saída.
Eu enxergo.
Quando se esgotarem os erros,
Virá se sentar à nossa frente,
Por derradeira companhia, o Nada.
O título "Den Nachgeborenen" está no plural, dativo, caso do objeto indireto, e exprime, aqui, uma mensagem a alguém.
"Eu" não se usa a toda hora.
Há também uma linda tradução do saudoso Leandro Konder e outra, se não me engano, do poeta Geir Campos.
Gilberto Bessa, não acho que exista qualquer tradução "mais fiel", apenas melhores e piores traduções. E, nesse caso, a da postagem continua a melhor (na minha opinião). Mais enfática, mais intensa. Não ignora as frases cortadas entre dois versos. O sentido aparece menos abstrato, apesar de intacto: os erros não "se esgotam", mas "são esgotados"; o esgotam de tanto 'usá-los', sendo que desde o início já estavam fadados a serem a 'última companhia'. O Nada, que simplesmente senta, é o que resta, depois disso.
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