11.6.21

Eugénio de Andrade: "Regressar ao corpo, entrar nele"

 



Regressar ao corpo, entrar nele

sem receio da insurreição da carne.

Nenhuma boca é fria,

mesmo quando atravessou


o inverno. Uma boca é imortal

sobre outra boca: diamante

aceso, estrela aberta

quando a luz irrompe, invade


ombros, peitos, coxas, nádegas, falos.

Despertos, puros no seu pulsar,

aí os tens: esplendorosos,

duros.





ANDRADE, Eugénio de. "Regressar ao corpo, entrar nele". In:_____. "Branco no branco". In:_____. Poemas de Eugénio de Andrade. Org. por Arnaldo Saraiva. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.

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