25.12.20

Alberto da Costa e Silva: "Soneto de Natal"

 



Soneto de Natal



Como esperar que o dia pequenino,

com a mesa, a cama, o copo, as cousas simples,

desate em nossas mãos os lenços cheios

de canções e trigais e ninfas tristes?


Menino já não sou. Como de novo

conversar com os pássaros, o peixes,

invejar o galope dos cavalos

e voltar a sentir os velhos êxtases?


A linguagem dos grãos, do manso pêssego,

a bem-amada ensina e novamente

sinto em mim o odor de esterco e leite


dos currais onde a infância tange as reses,

sorve a manhã e permanece neste

cantor da relva mínima e dos bois.





COSTA E SILVA, Alberto da. "Soneto de Natal". In:_____. "Poemas dos vinte anos". In:_____. Poemas reunidos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2012. 


3 comentários:

Rafael F disse...

Feliz Natal, Cicero!

Antonio Cicero disse...

Obrigado, Rafael! Como hoje já é o dia 26, espero que você tenha tido um feliz Natal e lhe desejo um feliz ano novo!

Rafael F disse...

Feliz ano novo pra você também, amigo. Poesia, poesia, poesia!