5.7.20

Diego Mendes Sousa: "Fanal do colo agônico"




Fanal do colo agônico


O passado e eu conjugamos
uma interrogação triste?

Paro,
a esperar que o tempo intimidado
olhe-me cara a cara
a fim de que renasça pasmado e luminoso.

Fico -- como um ausente sem endereço --
em uma rua escura de um outono febril
a ver ainda pássaros negros
no agônico coração amargo.

Sou -- mirando os meus labirintos em queda --
a cachoeira ruminando horizontes fantasmas
e esquecidos.
Eu e o passado,
triste exclamação conjugada!





SOUSA, Diego Mendes. "Fanal do colo agônico". In:_____. Fanais dos verdes luzeiros. Guaratinguetá, SP: Penalux, 2019.

2 comentários:

Mardson Soares disse...

Muito bom!

Marcos disse...

Bom dia,
Gostaria que mandassem esse poema abaixo para o membro Antonio Cicero, apenas com a finalidade de que ele tenha conhecimento. Se quiser, pode publicar.

O passarinho sertanejo

Pense num bicho ingênuo que é o passarinho
Que retirado do conforto do seu ninho
Em seguida segregado da natureza
É enjaulado numa gaioleta

Tão inocente e indefeso é o animal,
Que a sua reação a essa conduta brutal
Cujo norte é tristeza e horizonte são grades
Se faz por um choro musical de saudade

É um canto singelo, porém mui belo
Pois o passarinho,ele é mestre na afinação, nota e compasso
Sem contar a elegância, é claro!

Apesar da crueldade humana,
Gostaria de terminar esses versos com rima de esperança
Queria crer que a humanidade
Na plena posse da razão
Fosse mais atenta à poluição

Desejaria ter certeza que, na preservação da natureza,
A sociedade mostrasse seu talento
E, com eficiência semelhante a de seus robôs,
Corrigisse os erros a tempo...

A tempo de resguardar a terra e o mar

E, na contramão da maldade, isto é,
Na sua inocência,
O passarinho
Fosse tratado sem displicência
Ou seja, como merece: com carinho

E pudesse ele voltar pra o seu grande amor: a natureza
Quem sabe pra o seu sertãozinho
De vida difícil, sol forte e labuta diária
A qual vale demasiadamente mais
Que sua vida na cela com comida, sombra e pena lavada

Porquanto, meu amor,
Isso é questão de direito: liberdade
Mais ainda, sentimento: saudade
Enfim, valor supremo:dignidade

Meu amor,
Mais vale, pois,
Guardar o voo de um pássaro
Do que um pássaro sem voos

09 de março de 2017,São Cristóvão - SERGIPE
Poema (inacabado) de Marcos Diniz Santos inspirado na peleja do passarinho preso e nos versos de Antonio Cicero (poema GUARDAR).
e-mail mdiniz.direito@gmail.com