Linneu
A minha profissão é dar-lhes nomes.
Tal como o outro, passados os seis dias,
foi tudo achando bem, e disse
que era bom, e o chamou,
assim, no bom ou mau,
eu dou nomes à vida, digo
esta é a rosa dos ventos, digo
esta é a flor das águas, digo
esta é a planta do teu pé.
Apenas digo nomes: tudo existe
muito senhor de si,
tudo existe insolente,
independente.
Não era necessário eu ter nascido.
TAMEN, Pedro. "Linneu". In:_____. Analogia e dedos. Lisboa: Oceanos, 2006.
2 comentários:
Obrigado pelo retorno, meu caro. Que grata surpresa saber que sairá em breve livro de ensaios seu pela Companhia! Certamente irei atrás.
Aliás (desculpe-me a franqueza), antes mesmo de sabê-lo fino poeta e ensaísta, irmão da Marina, parceiro de outros músicos e poetas, tomei conhecimento de você primeiramente por sua apresentação à Montanha Mágica, na edição da Nova Fronteira. Esse livro, lido ainda jovem, deixou uma forte impressão, sobretudo pelos embates travados entre Naphta e Settembrini pela "alma" do jovem Castorp.
Mudando de assunto, agradeço por apresentar a tradução do belo poema do Leopardi no post anterior (já o transcrevi num caderninho), bem como pelo "Linneu" do Pedro Tamen.
Por fim, se me permite, já viu o filme Paterson, do Jim Jarmusch? É bonito, delicado, mas sem resvalar na pieguice.
Boa semana.
Abraços!
Caro Ramon,
Gostei de saber que você soube de mim através da minha apresentação de "A montanha mágica". Adoro o Thomas Mann.
Ainda não vi o Paterson, mas pretendo vê-lo.
Grande abraço
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