16.9.15

Fernando Pinto do Amaral: "Relâmpago"




Relâmpago

Rompe-se a escuridão quando ao olhar
para uma face o mundo se ilumina
com uma claridade repentina
capaz de, só por si, fazer brilhar

a substância tão irregular
de tudo o que se acende na retina
e através da luz se dissemina
por entre imagens vãs, até formar

um fluido movimento, uma paisagem
a que estes olhos quase não reagem
salvo se nesse instante o rosto for

transfigurado pela fantasia.
E às vezes é só isso que anuncia
aquilo a que chamamos o amor.



AMARAL, Fernando Pinto do. "Relâmpago". In:_____. Poesia reunida 1900-2000. Lisboa: Dom Quixote, 2000.

Um comentário:

ADRIANO NUNES disse...

Cicero,


obrigado por postar esse belo poema!


Abraço forte,
Adriano Nunes