6.2.15

William Butler Yeats: "The fascination of what's difficult" / "O prazer do difícil": trad. Augusto de Campos




O prazer do difícil

O prazer do difícil tem secado
A seiva em minhas veias. A alegria
Espontânea se foi. O fogo esfria
No coração. Algo mantém cerceado
Meu potro, como se o divino passo
Já não lembrasse o Olimpo, a asa, o espaço,
Sob o chicote, trêmulo, prostrado,
E carregasse pedras. Diabos levem
As peças de sucesso que se escrevem
Com cinqüenta montagens e cenários,
O mundo de patifes e de otários,
E a guerra cotidiana com seu gado,
Afazer de teatro, afã de gente.
Juro que antes que a aurora se apresente
Eu descubro a cancela e abro o cadeado.



The fascination of what's difficult

The fascination of what’s difficult  
Has dried the sap out of my veins, and rent  
Spontaneous joy and natural content  
Out of my heart. There’s something ails our colt  
That must, as if it had not holy blood,         5
Nor on Olympus leaped from cloud to cloud,  
Shiver under the lash, strain, sweat and jolt  
As though it dragged road metal. My curse on plays  
That have to be set up in fifty ways,  
On the day’s war with every knave and dolt,  10
Theater business, management of men.  
I swear before the dawn comes round again  
I’ll find the stable and pull out the bolt.  



YEATS, William Butler "The fascination of what's difficult" / "O prazer do difícil". Trad. Augusto de Campos. In: CAMPOS, Augusto. Poesia da recusa. São Paulo: Perspectiva, 2006.

2 comentários:

ADRIANO NUNES disse...

Cicero,

grato por compartilhar esse belo poema!


Abraço forte,
Adriano Nunes

Anônimo disse...

Meu Deus...

Yeats, na tradução de Augusto de Campos.
Quanto a mim, o que sei é que a literatura precisa ser um outro mundo paralelo a este, sem abdicar de compreendê-lo; uma vez sedimentado esse mistério, ele tem de ser vivido, para depois ser explicado. Caso não haja explicação, também não há problema; "Por isso o lance do poema: Por guardar-se o que se quer guardar."
Abraços
Arsenio Meira Júnior