14.9.13

Adriano Espínola: "A rendeira"






A rendeira

Na teia da manhã que se desvela
a rendeira compõe seu labirinto,
movendo sem saber e por instinto
a rede dos instantes numa tela.
Ponto a ponto, paciente,tenta ela
traçar no branco linho mais distinto
a trama de um desenho tão sucinto
como a jornada humana se revela.
Em frente, o mar desfia a eternidade
noutra tela de espuma e esquecimento,
enquanto, entrelaçado, o pensamento
costura sobre o sonho a realidade.
Em que perdida tela mais extrema
foi tecida a rendeira e este poema?




ESPÍNOLA, Adriano. Beira-sol. Rio de Janeiro: Topbooks, 1997. 

Um comentário:

Alcione disse...

Lia Cecília

Lia Cecília
Enquanto via
A ponte
O cimento
Pedras e pedras
O jardim distante
E nem mesmo diante
Lia Cecília
Enquanto ria
Amável, incomparável
Tantos mares incontáveis
Lia Cecília
Enquanto via
Para adiante
Atrás das fontes
Dos segredos por trás dos medos
Enfrentando a fúria, desvelando
O Imperceptível retrato da amada.