18.2.13
Gregório de Matos: "A instabilidade das coisas do mundo"
A instabilidade das coisas do mundo
Nasce o Sol, e não dura mais que um dia,
Depois da luz, se segue a noite escura,
Em tristes sombras morre a formosura,
Em contínuas tristezas a alegria.
Porém, se acaba o Sol, por que nascia?
Se é tão formosa a luz, por que não dura?
Como a beleza assim se transfigura?
Como o gosto da pena assim se fia?
Mas no Sol, e na luz, falta a firmeza,
Na formosura, não se dê constância,
E na alegria, sinta-se tristeza.
Começa o mundo, enfim, pela ignorância,
E tem qualquer dos bens, por natureza:
A firmeza, somente na inconstância.
MATOS, Gregório de. "A instabilidade das coisas do mundo". In: AMORA, Antônio Soares (org.). Panorama da poesia brasileira. Vol.1. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1959.
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Um comentário:
Cicero,
belíssimo!
Abraço forte,
Adriano Nunes
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