14.11.11

Juan Ramón Jiménez: "Soledad" / "Solidão": trad. de Antonio Cicero




Soledad

En ti estás todo, mar, y sin embargo,
¡qué sin ti estás, qué solo,
qué lejos, siempre, de ti mismo!

Abierto en mil heridas, cada instante,
cual mi frente,
tus olas van, como mis pensamientos,
y vienen, van y vienen,
besándose, apartándose,
con un eterno conocerse,
mar, y desconocerse.

Eres tú, y no lo sabes,
tu corazón te late y no lo siente...
¡Qué plenitud de soledad, mar solo!



Solidão

Em ti estás todo, mar, e contudo
como estás sem ti, e só,
e longe, sempre, de ti mesmo!

Aberto em mil feridas, cada instante,
qual minha fronte,
tuas ondas vão, como meus pensamentos,
e vêm, vão e vêm,
beijando-se, separando-se,
num eterno conhecer-se,
mar, e desconhecer-se,

És tu e não o sabes,
teu coração te late e não o sente...
Que plenitude de solidão, mar só!



JIMÉNEZ, Juan Ramón. "Soledad". In: RICO, Francisco (org.). Mil años de poesía española. Antologia comentada. Barcelona: Planeta, 1996.

2 comentários:

Jefferson Bessa disse...

É mergulhar a vida inteira no mar...A vida da solidão nas águas salgadas. Lindo poema. Gosto muito de Jiménez.
Abraço.
Jefferson

João Renato disse...

Gostei muito.
Além da percepção perfeita e insólita da solidão do mar, ainda o fez com imensa delicadeza.
JR.