18.3.08

Marcelo Diniz: "eu não sei o que eu faço com um verso"

É uma felicidade postar esse esplêndido soneto de Marcelo Diniz:


eu não sei o que eu faço com um verso
e, tão logo não saiba, de repente,
do nada, este terceiro e o subseqüente
enquadram-se em quarteto tergiverso;

eu não sei se concentro ou se disperso,
se a forma que se fixa é contingente
ou feita, conteúdo e continente,
exatamente enquanto eu desconverso;

só sei que de acidente em acidente
a forma converteu-se em controverso
modo de se dizer o que se sente:

que ecoem estes ecos do universo,
que o façam, verso a verso, reticente,
de etc em etc diverso

9 comentários:

Leandro Jardim disse...

Realmente excelente! Tá aí, Marcelo Diniz é um poeta que preciso conhecer melhor!

grande abraço
Jardim

Lucas Nicolato disse...

Que beleza encontrar esse soneto do Marcelo por aqui!

Nuno Rau disse...

Meu deus (se éque deus existe...)
algumassemanas sem vir por aqui, por conta das disfunções hormonais da vida, e tanta coisa boa estava perdendo. Vida longa, Cícero, a você e a este espaço!
Ergo um brinde a você e à poesia, que em muitos momentos se entrelaçam.
E a este soneto do Marcelo, claro.
grande abraço!
Nuno Rau

Antonio Cicero disse...

Obrigado, Nuno.
Que bom saber da sua visita!
Grande abraço,
ACicero

Arthur Nogueira disse...

Criativo e belo, Cicero. Também desejo vida longa a você e a este espaço. Um beijo (bem) grande.

Unknown disse...

Poesia - forja rica de metais lavrados.

Miríade de versos. Simplicidade. Exatidão.

Encantamento e magnitude. Criação.

Sendo poeta, entre a beleza e a palavra, sou quem desnuda.

Sinto. Expresso. Desejo. Almejo.

Sou eu quem luta. Quem comemora.

Quem pende a fronte após a queda.

Sou quem mistura o ócio e a virtude,

a guerra e a ilusão, a água e a areia.

A poesia, não. A poesia é crueldade, egoísmo.

É coisa fria, usurpadora, sem compaixão.

É a mulher entregue ao frio,

enquanto o fogo do poeta vira gelo em sua mão.

Nina Araújo disse...

"Eu não sei o que faço com um verso..."Poeta querido,é mesmo linda essa toada fina de Marcelo Diniz e a tua sensibilidade...uau!!Ó...um meu proçê...
DesconVerso II

As vezes não vou direto
Escrevo no olho tonto
De soslaio cato o tranco
Ponho ponto ou contraponto
Tiro trema e circunflexo
Desconverso o tema longo
Dou linha se ele é complexo
Comungo depois de pronto
Nem sempre pontuo o tempo
Sonego no breu do conto
Com a rima travo encontro
No suspiro ...réu confesso...
Sendo fruto bom eu peço
Pra versar no escaninho
Piso lenta este caminho
Que é pra não espantar o verso...
Sigo luz de vaga-lumes
Nas entrelinhas no teto
Sublinho no ar do Universo
Que é pra viver no perfume...


Nina Araújo.

Antonio Cicero disse...

Nina,

obrigado pela bela contribuição.

Beijo,
Antonio Cicero

Antonio Cicero disse...

Leo,

quero agradecer a você também por sempre enriquecer este blog com as suas finas contribuições.

Beijo,
Antonio Cicero