13.9.23

Diego Mendes Sousa: "INDAGA[DOR]

 



ΙNDAGA[DOR]

 

 

 

O poeta é um ser humano,

que paga tributos e preços venais,

vive em sociedade,

precisa comer e beber,

revolta-se com o alto custo das coisas.

 

Ama e odeia.

 

Despreza o comezinho e o ritual visível.

Estima o invisível e, sobretudo, o invulgar.

Tem fé e esperança. Conhece a burocracia

e as ruínas do alumbramento.

 

Pensa que a sua terra é um ninho místico.

 

Às vezes é incoerente, outras vezes lúcido.

 

Vota, participa da comunhão política

e sabe das limitações.

Investe no conhecimento

com medo do precário.

 

A Poesia é uma Oração

e o poeta,

um Santo!

 

Faz milagres,

ajuda o seu povo

disperso e surdo

a passar

sobre o mar diáfano da vida,

 

Inventor de uma desordem,

andadeiro do mágico estranhamento,

com a aurora luzida no tempo e nos símbolos,

 

ser poeta

 

é ter imaginações e janeiros aturdidos na alma...

 

A Poesia é uma dor!

O signo misterioso do alumiamento...

 

O poeta é o indagador

desse mal desvelado.




Mendes Sousa, Diego: "INDAGA[DOR]"


 

 

 


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