1.3.22

Luís Miguel Nava: "Sem outro intuito"

 



Sem outro intuito



Atirávamos pedras


à água para o silêncio vir à tona.


O mundo, que os sentidos tonificam,


surgia-nos então todo enterrado


na nossa própria carne, envolto


por vezes em ferozes transparências


que as pedras acirravam


sem outro intuito além do de extraírem


às águas o silêncio que as unia.











NAVA,  Luís Miguel. "Sem outro intuito". In:______ Poesia completa1979-1994. Org. por Gastão Cruz. Lisboa: Dom Quixote, 2002.

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