24.2.12
Paul Celan: "Auch wir wollen sein" / "Também nós queremos estar": tradução de João Barrento
Também nós queremos estar
onde o tempo diz a palavra-limiar,
o milênio emerge da neve, remoçado,
o olhar errante
descansa no seu próprio espanto
e cabana e estrela
vizinhas se destacam no azul,
como se o caminho já estivesse percorrido.
Auch wir wollen sein,
wo die Zeit das Schwellenwort spricht,
das Tausendjahr jung aus dem Schnee steigt,
das wandernde Aug
ausruht im eignen Erstaunen
und Hütte und Stern
nachbarlich stehn in der Bläue,
als wäre der Weg schon durchmessen.
CELAN, Paul. A morte é uma flor. Poemas do espólio. Edição bilingue. Tradução, posfácio e notas de João Barrento. Lisboa: Cotovia, 1998.
Cicero,
ResponderExcluirQue lindo! Grato por compartilhar!
Deixo aqui um soneto que fiz:
"Indomável Infinito"
Pois entre o flerte fundido
(Ao que deverá ser dito)
E o suprimido sentido,
Indomável Infinito.
Chamo-te de amor a chama.
Acham-te chaga estimada;
Tens sempre aquilo que clama;
Quem ama desfaz-se em nada.
Pensar-te é ter-te inimigo
Pronto, à espreita, sob a prata
Da noite, íntimo perigo.
Que fazer dessa bravata
Do coração? Só vos digo:
Quando não machuca, mata!
Abraço forte,
Adriano Nunes
Cicero,
ResponderExcluiroutro soneto:
"para a vida a gravidade me puxa"
não me traga essa vassoura de bruxa;
não me trate às avessas com seu voo;
serafins, querubins, tudo isso enjoo...
para a vida a gravidade me puxa.
já cansei dos desvãos da metafísica;
não me privo das metáforas cruas;
aprisiona-me o vácuo das ruas
e nada me atravessa ou modifica.
tentei-lhe explicar razões sem feitiço,
fincando raízes em toda a terra.
- o céu que a tudo fere não cobiço,
pois nessa esfera etérea o ser emperra -
não me prometa um mundo movediço...
às vastas quimeras declarei guerra!
Abraço forte,
Adriano Nunes
Bacana, Adriano! Parabéns!
ResponderExcluirAbraço
Cicero,
ResponderExcluirque bom que você gostou! Fico muito feliz! O poema surgiu a partir de uma ideia de Aetano (que também ajudou na construção de alguns dos versos)
Abraço forte,
Adriano Nunes