Ária marinha
Tecla de sal
clave de sol
acorde oculto
num caracol
será o espectro
de infância morta
que desabrocha
como um farol?
serão ginetes
já sem memória
ficando esporas
no azul lençol?
será meu pai
debaixo d´água
com sua flauta
e seu punhal?
ou não será
em mim disperso
o som submerso
de outro coral?
resposta alguma
à tona sobe
mas eu indago
e lanço o anzol
JUNQUEIRA, Ivan.
A rainha arcaica. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1980.
Cicero,
ResponderExcluirlindo demais! amo esse poema!
um soneto meu:
"Na euforia de um tempo diverso"
Entre livros e discos eu vivo
Co' imensa alegria, atado ao verso
E à música, inteiramente imerso
No que quero, das musas cativo.
É desse cosmo contemplativo
Que parto do sonho e me disperso
Na euforia de um tempo diverso:
Ai, não me tragam o sedativo!
Depois? noutro infinito me invento,
Liberto da dor, rente ao instrumento
De luz: Lanço-me ao lápis e risco
- Em silêncio permaneço atento -
A folha da memória e me arrisco
A fazer, quem sabe, um livro, um disco!
Abraço forte,
Adriano Nunes