22.12.10

Jacques Prévert: "Le lézard" / "A lagartixa"




A Lagartixa


A lagartixa do amor
Fugiu mais uma vez
E me deixou o rabo entre os dedos
Bem feito
Eu quis guardá-la para mim





Le lézard

Le lézard de l'amour
S'est enfui encore une fois
Et m'a laissé sa queue entre les doigts
C'est bien fait
J'avais voulu le garder pour moi



PRÉVERT, Jacques. Histoires et d'autres histoires. Paris: Le point du jour, 1963.

7 comentários:

  1. Cicero,

    Muito bom!


    Abraço fraterno,
    Adriano Nunes.

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  2. Quando algo nos apraz queremos mesmo apenas para nós... Amei a poesia e o blog, passo a segui-te!

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  3. larga esse lagarto
    larga longe esse réptil táctil
    larga esse amor sujo
    corra - agora eu fujo

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  4. Meu poema de despedida:

    Anoitecer

    (Carlos Drummond de Andrade)

    É a hora em que o sino toca,
    mas aqui não há sinos;
    há somente buzinas,
    sirenes roucas, apitos
    aflitos, pungentes, trágicos,
    uivando escuro segredo;
    desta hora tenho medo.

    É a hora em que o pássaro volta,
    mas de há muito não há pássaros;
    só multidões compactas
    escorrendo exaustas
    como espesso óleo
    que impregna o lajedo;
    desta hora tenho medo.

    É a hora do descanso,
    mas o descanso vem tarde,
    o corpo não pede sono,
    depois de tanto rodar;
    pede paz - morte - mergulho
    no poço mais ermo e quedo;
    desta hora tenho medo.

    Hora de delicadeza,
    gasalho, sombra, silêncio.
    Haverá disso no mundo?
    É antes a hora dos corvos,
    bicando em mim, meu passado,
    meu futuro, meu degredo;
    desta hora, sim, tenho medo.

    (Esse poema pode ser ouvido na voz de José Miguel Wisnik)

    Aeta

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  5. Amado Cicero,


    Outro Natal em que tenho a honra de compartilhar uma amizade bela e preciosa, a nossa. Desde 2008 que tive a graça de tê-lo como amigo (o que para mim é um tesouro de imensurável valor!) e sei o quanto isso modificou toda a minha vida. Se sou um bom poeta, devo muito a você. Se hoje, aprecio um poema com mais força e âmago, com cuidado, aprendi com você. Se hoje a Literatura se faz mais presente em minha existência, devo a você. Obrigado por existir em minha simples vida. Desejo um Natal maravilhoso e um Ano Novo repleto de alegria, paz e luz!

    Um poema novo:

    ‎"Outro natal"


    Senhor, liberta-nos
    Do que está lá,
    Fora do alcance
    Do coração.
    Dá-nos apenas
    Coisas pequenas

    E alguma dúvida.
    Nada queremos
    Das esperanças.
    Senhor, liberta-nos
    Da angústia infinda,
    Dá-nos o mundo!


    Abraço fraterno,
    Adriano Nunes.

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  6. Adriano querido,

    nem sei o que dizer. Sua amizade também me é preciosa. Que você é um bom poeta o prova o belíssimo poema que nos enviou. E você seria o poeta que é independentemente de mim. Mas muito obrigado pelas palavras generosas. Receba meus votos de boas festas e de um maravilhoso ano novo!

    Abraço grande

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