12.8.10
Horácio: Ode I.xxxviii / trad. de Pedro Braga Falcão
Dos Persas, rapaz, odeio os requintes,
desagradam-me as coroas entrelaçadas
com a fibra da tília. Desiste de procurar
[os lugares
onde tardia a rosa se demora.
De nada me interessa que tu, zeloso,
[te esforces
por algo ao simples mirto acrescentar. Não te
[fica mal o mirto,
nem a ti, meu servo, nem a mim, que agora
à sombra da videira bebo.
Persicos odi, puer, adparatus,
displicent nexae philyra coronae,
mitte sectari, rosa quo locorum
sera moretur.
simplici myrto nihil adlabores
sedulus curo: neque te ministrum
dedecet myrtus neque me sub arta
vite bibentem.
HORÁCIO. Odes. Tradução de Pedro Braga Falcão. Lisboa: Cotovia, 2008.
Caro Cícero (deixe-me tratá-lo assim).
ResponderExcluirGosto muito do seu Blog, é o único que sigo quotidianamente.
Ao ler este poema ,não sei por quê, tive a imediata vontade de lhe enviar este poema, de um grande vulto da cultura portuguesa do século XX: o sábio açoriano Vitorino Nemésio.
Um Abraço do Taveirinha. Continue ad eternum.
Cruel como os Assírios,
Lânguido como os Persas,
Entre estrelas e círios
Cristão só nas conversas.
Árabe no sossego,
Africano no ardor;
No corpo, Grego, Grego!
Homem, seja onde for.
Romano na ambição,
Oriental no ardil
Latino na paixão,
Europeu por subtil:
Homem sou, homem só (Pascal: "nem anjo nem bruto"):
Cristãmente, do pó
Me levante impoluto.
Vitorino Nemésio
Violetas azuis
ResponderExcluirEsses sonhos formaram minha bela infância
Violetas azuis
A casa estremece
Aos poucos aparece
Na ânsia do que me conduz
Seduz
Violetas azuis
Mel
Não como fonte
Mas como ponte.
Cicero,
ResponderExcluirSalve Horácio! Que bela Ode!
Um poema recente:
"Pérola"
palavra perdida
entre mil vontades.
impossível dizer
tudo... às vezes, sinto
o espectro marítimo
vir à tona, concha
acústica, métrica
vestida de sonhos,
de luz, escafandro
sempre guardado
nas gavetas vivas
do tempo, tal ostra.
abriga-se agora
em outro vernáculo,
um outro oceano...
talvez, outra alegria
surja das espumas,
à beira do nada...
não mais uma pérola,
mas uma garrafa
lançada, sem voz,
ao deus-dará: a máscara
em processo, em transe,
uma folha em branco,
um lápis... a vida!
Abraço forte,
Adriano Nunes.
Caro Helder,
ResponderExcluirMuito obrigado pore estar conosco. E muito obrigado também pelo belíssimo poema que nos enviou!
Abraço
Queridos Adriano e Alcione,
ResponderExcluirque bom que o Horácio os inspirou assim.
Beijos
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirBonito, Adriano!
ResponderExcluirMuito obrigada, Cícero, fiquei muito feliz o dia todo, beijo!
ResponderExcluirCícero,
ResponderExcluireis uma versão de Horacio 1.9 feita pelo Haroldo de Campos (In: Crisantempo)
Garçom, faça o favor,
nada de luxos persas.
Nem me venha com estes
enfeites de tília.
Rosas? Não quero rosas,
Se alguma ainda esquiva
Resta da primavera.
Para mim basta o mirto.
O simples mirto.
O mirto com você
também combina,
Puer, garçom-menino,
ministro do meu vinho,
Que o vai servindo,
enquanto eu vou bebendo
Sob a cerrada vinha.
Não conheço o original nem sei latim, mas acho a versão linda.
Abraço,
Marcelo Diniz
"Odeio, servo, o pérsico aparato,
ResponderExcluircoroa enjeito que til se trance.
Renuncia a buscar o lugar, onde
duram as rosas.
Nada acrescentes, pois, ao simples mirto,
zeloso servo! Ele a ambos nós convém:
a ti, servindo; a mim, sob a parreita,
calmo, bebendo".
Trad. Bento Prado (pai)
sinto uma falta do Júnior, nos sabiamos a partir de nossas tristezas profundas.
Cicero,
ResponderExcluirNão sei se você conhece esse maravilhoso poeta polonês, mas deixo aqui um poema dele:
"ENTRE MUITAS OCUPAÇÕES" - TADEUSZ RÓŻEWICZ .
Entre muitas ocupações
muito urgentes
esqueci-me
de que também há que
morrer
frívolo
abandonei esta obrigação
ou ocupei-me dela
superficialmente
a partir de amanhã
tudo mudará
começarei a morrer com esmero
de maneira sensata com optimismo
sem perda de tempo
“Poesia abierta (1944-2003)", publicada em Barcelona pela editora La Poesia, señor hidalgo, com um excelente prefácio de Fernando Presa González. Traduzido para o Português por João Luís Barreto Guimarães .
Abração,
Adriano Nunes.
Agradeço a Marcelo e Climacus as diferentes versões do poema do Horácio.
ResponderExcluirAdriano, adorei o poema do Rózewicz.
Abraços
observador,
ResponderExcluirobrigada pela publicação do poema em tão esmerada tradução.
lindíssimo!
grande abraço.
haha a versão do Haroldo tirou toda singeleza do que foi aqui publicado, virou outra coisa, mas mesmo assim adoráveis.
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