um presente inesperado o belíssimo poema inédito, como achar "um vinho digno de recordar Dionísio"
felicidades, poeta!
DIAMANTE
O amor seria fogo ou ar em movimento, chama ao vento; e no entanto é tão duro amar este amor que o seu elemento deve ser terra: diamante, já que dura e fura e tortura e fica tanto mais brilhante quanto mais se atrita, e fulgura, ao que parece, para sempre: e às vezes volta a ser carvão a rutilar incandescente onde é mais funda a escuridão; e volta indecente esplendor e loucura e tesão e dor.
Caro Cícero, estou adorando ler sua entrevista, sempre pensei nas coisas que você diz, e penso, já enveredei mesmo superficialmente na leitura de filósofos, como Hegel e sua estética para tentar elucidar-me, mas sinto um verdadeiro hiato entre o que se pensa e o que se faz, e pois, concordo quando você diz que o poeta se retira, quando chega o filósofo, e vice-versa, e isso eu relaciono com Hélio Oiticica e a leveza, a coisa do gás Hélio, pois no ato de criar não posso deixar que algo prevalesça sobre a liberdade de criação, bom, estou a refletir em cima dessa entrevista maravilhosa, e, o seu poema, divino, eu quase consigo ouvi-lo declamando, ao vivo, tal ele se encaixa na sua voz, muito obrigada por dividir tal preciosidade!
Prezado Cícero, gosto imensamente de ler o que você pensa. Sobretudo me apraz essa tranquilidade tão sua em defender o que tantas correntes acadêmicas se esforçam por solapar: o acontecimento do poema no recolhimento da leitura (em oposição à celebração da efemeridade da performance), a noção de arte (em oposição à diluição culturalista), o valor estético (contra o vale tudo do relativismo). E a admiração que tenho me reacende a cobrança pela realização de uma promessa sua que li já não lembro mais onde: a de escrever um livro de teoria da poesia, em que você iria "colocar tudo o que sabe sobre o assunto" (aqui tento buscar na memória quais eram mesmo as suas palavras). Enfim, para quando está marcado o nascimento dessa maravilha? Um abraço, Flavio Barbeitas.
pensador,
ResponderExcluirum prazer ler sua entrevista,
um presente inesperado o belíssimo poema inédito, como achar "um vinho digno de recordar Dionísio"
felicidades, poeta!
DIAMANTE
O amor seria fogo ou ar
em movimento, chama ao vento;
e no entanto é tão duro amar
este amor que o seu elemento
deve ser terra: diamante,
já que dura e fura e tortura
e fica tanto mais brilhante
quanto mais se atrita, e fulgura,
ao que parece, para sempre:
e às vezes volta a ser carvão
a rutilar incandescente
onde é mais funda a escuridão;
e volta indecente esplendor
e loucura e tesão e dor.
Antonio Cicero
Jornal Vaia, n. 29, Porto Alegre, abril de 2010.
Concordo com você, Betina.
ResponderExcluirEste poema é uma pepita de ouro, uma pérola, um diamante.
mto boa entrevista.
ResponderExcluirde fato, escrever um poema é tão difícil q já desisti faz tempo... rs
lindo teu diamante: é tão duro amar!
abrç.
Obrigado, Betina e Mariano.
ResponderExcluirBeijos
Cicero,
ResponderExcluirótima entrevista! E grafite precioso o seu poema!
Deixo aqui o meu mais recente:
"Tarde"
sol a pino
sal a ponto
de ser lágrima
de ser lástima
de escorrer
pelos lados
dos mil olhos
desta tarde,
quase esgrima.
Abraço forte!
Adriano Nunes.
Cicero,
ResponderExcluirOutro poema:
"trama retrátil do céu" - Para Waly Salomão.
divago naufrago em mim
vísceras nervos diverso
ventre voz nós nosso verso
cor de cor corpo carmim
cravo circunscrito escravo
trato contrato no pulso
atrito retrato avulso
buraco negro recôncavo
cosmo da sombra escarcéu
sobra do mel do melhor
trilha armadilha em redor
trama retrátil do céu.
Abraço forte,
Adriano Nunes.
Caro Cícero,
ResponderExcluirestou adorando ler sua entrevista, sempre pensei nas coisas que você diz, e penso, já enveredei mesmo superficialmente na leitura de filósofos, como Hegel e sua estética para tentar elucidar-me, mas sinto um verdadeiro hiato entre o que se pensa e o que se faz, e pois, concordo quando você diz que o poeta se retira, quando chega o filósofo, e vice-versa, e isso eu relaciono com Hélio Oiticica e a leveza, a coisa do gás Hélio, pois no ato de criar não posso deixar que algo prevalesça sobre a liberdade de criação, bom, estou a refletir em cima dessa entrevista maravilhosa, e, o seu poema, divino, eu quase consigo ouvi-lo declamando, ao vivo, tal ele se encaixa na sua voz, muito obrigada por dividir tal preciosidade!
Adriano,
ResponderExcluiradorei o poema. Parabéns!
Abraço
Muito obrigado, Alcione.
ResponderExcluirUm beijo
Cicero,
ResponderExcluirAdorei a entrevista e o seu belo poema brilha muito e inspira!
Um poema novo:
"Ele"
Revele à pele
A flor. Modele
Ao corpo dele
O amor. Expele
O sexo aquele
Homem. Sou eu
Sua mulher,
Como qualquer
Outra. Sou eu
Revés e le-
Ve camafeu.
Abraços,
Mateus.
"Entre Vistas" está a Poesia por quem faz, não bastasse este pensar diário, nos chegam os versos diamantes... agora que venha logo o novo livro!!!
ResponderExcluirUm beijo, parabéns e gracias Poeta por este teu intenso espraiar poético.
Carmen Silvia Presotto
www.vidraguas.com.br
Prezado Cícero,
ResponderExcluirgosto imensamente de ler o que você pensa. Sobretudo me apraz essa tranquilidade tão sua em defender o que tantas correntes acadêmicas se esforçam por solapar: o acontecimento do poema no recolhimento da leitura (em oposição à celebração da efemeridade da performance), a noção de arte (em oposição à diluição culturalista), o valor estético (contra o vale tudo do relativismo).
E a admiração que tenho me reacende a cobrança pela realização de uma promessa sua que li já não lembro mais onde: a de escrever um livro de teoria da poesia, em que você iria "colocar tudo o que sabe sobre o assunto" (aqui tento buscar na memória quais eram mesmo as suas palavras).
Enfim, para quando está marcado o nascimento dessa maravilha?
Um abraço,
Flavio Barbeitas.
Flávio,
ResponderExcluirobrigado pelas suas palavras. Realmente, por diversas razões, tive que interromper o trabalho nesse livro. Mas o que você diz me estimula a retomá-lo.
Abraço