Não é a lua
Não é a lua, não, é um mostrador.
Que culpa tenho se as estrelas baças
Me parecem leitosas, sem fulgor?
Batiúshkov não merece piedade.
"Que horas são?", perguntaram-lhe uma vez,
E ele só respondeu: "Eternidade."
MANDELSTAM, Ossip. "Não é a lua". Trad. de Augusto de Campos. In: CAMPOS, Augusto.
Poesia da recusa. São Paulo: Perspectiva, 2006.
mt bom. não conhecia. me lembrei do verso de drummond: "um relógio de marcar a eternidade".
ResponderExcluirfica esta impressão de que respiramos todos na mesma frequência.
realmente, tudo já foi dito. é só uma questão de tentar dizê-lo novamente, com o outro susto e vigor... como nos versos do p.h.britto...
"Toda palavra já foi dita. Isso é
sabido. E há que ser dita outra vez.
E outra. E cada vez é outra. E a mesma.
Nenhum de nós vai reinventar a roda.
E no entanto cada um a re-
inventa, para si. E roda. E canta.
Chegamos muito tarde, e não provamos
o doce absinto e ópio dos começos.
E no entanto, chegada a nossa vez,
recomeçamos. Palavras tardias,
mas com vertiginosa lucidez -
o ácido saber de nossos dias."
***
um pequeno poema que escrevi há dois anos. de alguma maneira, o eco de uma voz que eu não ouvi...
FLASH
então és este
exatamente?
criança aos 7
sob aquele céu, azul
com glaucoma,
o sol em carne-viva,
foz do iguaçu?
quantos anos você
tem?
– eu tenho
a eternidade!
nunca mais e sempre.
quem?
que céu?
memória avulsa,
sem consequência,
sem vir ou ir
a qualquer parte.
faca enterrada,
relâmpago,
pássaro do pasmo,
tronco arrastado
- ou ossos ou cisne -
no curso mineral
do esquecimento
e da invenção.
que maravilha.
ResponderExcluirobservador,
ResponderExcluirah! quanta beleza na escrita e na sensível tradução!
Cicero,
ResponderExcluirQue lindo!
Obrigado por esta postagem maravilhosa! Salve Augusto de Campos!
Forte abraço,
Adriano Nunes.
e por falar em tradução, cícero, dá uma olhada nessa que fiz : http://ricardianas.blog.terra.com.br/2010/06/29/third/ abração !
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