Anoitecer
Ao longo do bazar brilham pequenas luzes.
A roda do último carro faz a sua última volta.
Os búfalos entram pela sombra da noite,
onde se dispersam.
As crianças fecham os olhos sedosos.
As cabanas são como pessoas muito antigas,
sentadas, pensando.
Uma pequena música toca no fim do mundo.
Uma pequena lua desenha-se no alto do céu.
Uma pequena brisa cálida
flutua sobre a árvore da aldeia
como o sonho de um pássaro.
Oh, eu queria ficar aqui,
pequenina.
MEIRELES, Cecília. "Poemas escritos na Índia".
Obra poética. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967.
Cicero,
ResponderExcluirGostei tanto desse poema que lágrimas tomaram os meus olhos e uma emoção muito forte alcançou a minha alma! Grato por postar essa preciosidade! Tocou-me muito!
Abração,
Adriano Nunes.
TÃO BONITO!cOMO TUDO O QUE cECÍLIA mEIRELES ESCREVEU -PELO MENOS O QUE EU CONHEÇO.
ResponderExcluirCecília, impossivel viver sem sua poesia. Eterna.
ResponderExcluirCícero,
ResponderExcluirGostei da carpintaria do poema, onde o final foi sendo construído aos poucos.
E "brisa flutuando sobre a árvore como o sonho de um pássaro" é demais.
Abraço,
JR.
Lindo poema de Cecília!
ResponderExcluirQue belo o teu espaço, Cícero! Simplesmente, encantador...
Bom demais vir aqui! Voltarei e voltarei... SEMPRE!
Um abraço
Cláudia.
caramba cícero! que sequência de tirar o fôlego, hein?
ResponderExcluirlindo. fiquei empiolhado de estrelas...
ResponderExcluirboa noite, cecília!
sonho de se ter acordado:
como "lucy in the sky with diamonds", cecília num "cavalo
com substância de anjo".
a lua, único osso
ResponderExcluirperfeitamente redondo
de todo o meu corpo
Nas solombras, anoiteceres Cecílicos, estamos sempre em eterno enverdeSeres...
ResponderExcluirParabéns Poeta por mais esta escolha.
Um beijo, Poeta.
Carmen Silvia Presotto - Vidráguas
breve surto: pausa pro café
ResponderExcluirquerendo transitar noutro registro
sem normas de café da manhã
descer à praça e conversar com lírios
procurar alguém que caiba nesse limbo
de ir comigo até não suportar
invadir, revirar, me mostrar horrível
juntar os trapos e então me separar
começar de novo como se o fim fosse o início:
(regular o humor num termostato químico
malhar na esteira tantas horas precisas
ficar bonito, perfume, olhar indefinido)
beber mais uma antes de me espatifar
e no "balanço das horas" casar e ter filhos
repercurtir em verso o avesso de enquadrar
ficar calado por meses a fio, e depois de tanto frio, submergir pra respirar
tc com vc naquela noite passada
silêncio pra ninguém acordar
amanhã - de tarde - não dá pra tomar vinho
alguém acordou
precisa reciclar?
as contas foram chegando em profusão infinita
paga daqui corre prali
não adianta
vou gastar
os sonhos ficaram na estante esquisita
bagunça que um dia não vai dar pra arrumar
tá na hora
é agora
volto já
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirAntonio,
ResponderExcluirUm poema que fiz para o Pedro Nava:
"O armário" - Para Pedro Nava.
Guardar a roupa,
A pele,
A alma. Deixar trancada
A vida.
Há olhos lá fora.
Há vozes aqui.
Há mundos
Em volta.
Fechar a porta
Com as chaves
Dos sonhos, pôr o tempo
De vigia e estar
Em vigília sempre.
Melhor seria
Pôr fogo em tudo:
Madeira, verso, tara,
Trincos, conchavos,
Chantagens,
Lances...
De dados.
Não será mesmo chama
O âmago
De tudo que fica
Por dentro?
Beijos,
Cecile.
P.s.: um dos poemas mais belos que já li! Salve Cicero e Cecília!
Ata-me
ResponderExcluirPrenda-me ao véu dos teus
olhos encantados
Serena, serenata
O carvoeiro sabe o que é o carvão
Ponte, remo,
Do vento que ressoa
Em meu coração
Até poder romper
Sangrar
Soar, suar
Mais leve que o ar
Verde-mar.
Q lindo!!! O Último verso é tão tão, nem tenho palavras...
ResponderExcluirBelo poema e mais lindo é o título do livro. Pensei em alguns fins de tarde no Leblon...
ResponderExcluiresse poema nao existe,alias, a beleza tambem nao. aquela beleza extrema, maior que tudo e que todos. como pode algo assim existir: " os bufalos entram pela sombra da noite onde se dispersam" algo assim e desconcertante e maravilhoso demais.demais.
ResponderExcluir