3.3.10

Mário Quintana: "Do amoroso esquecimento"




Do amoroso esquecimento

Eu agora - que desfecho!
Já nem penso mais em ti...
Mas será que nunca deixo
De lembrar que te esqueci?




QUINTANA, Mário. Espelho mágico. Porto Alegre: Editora do Globo, 1951.

13 comentários:

  1. Cicero,


    Gosto muito de Quintana. Há uns dez anos fiz um poema intitulado "Quinta anáfora" em que lhe presto uma homenagem. Vê-lo aqui em seu blog é gratificante: poesia, humor e amor - Que alegria!

    Grande abraço,
    Adriano Nunes.

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  2. Tem uma frase do Thomas Mann que diz mais ou menos: "escritor é aquele cara que tem mais dificuldade de escrever do que os outros".
    O Quintana parece contrariar essa tese. Dá a impressão de que tudo brota com uma tremenda espontaneidade.

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  3. Cicero,


    Tem um poema dele que eu acho arrebatador:

    "Dos milagres"


    O milagre não é dar vida ao corpo extinto,

    Ou luz ao cego, ou eloquência ao mudo...

    Nem mudar água pura em vinho tinto...

    Milagre é acreditarem nisso tudo!




    Grande abraço,
    Adriano Nunes.

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  4. "Afinal, a cada vez que nos lembramos de algo, quer queira, quer não, transformamos nosso passado" (CALLIGARIS, "Lembranças e brigas, FOLHA DE SÃO PAULO, 4/3/2010).

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  5. Não tenho memória
    Não tenho lembranças
    Nunca parti
    E conforme os dias passam
    E em noites se entrelaçam
    Fico a olhar, extasiado
    O teu rosto tão amado
    no deserto meu ser flutua
    No não-ser que aparece
    Feito uma escultura

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  6. Cicero,

    Vim novamente pelo encanto do poema. Vim postar aqui o poema que fiz para Quintana. Lembra que entre 1993 e 1994 - creio eu - a Editora Globo lançou uma agenda, um diário, com poemas curtos do Mário Quintana? Pois é, adquiri-a e foi um marco em minha vida...Escrevia nela sem parar!


    "Quinta anáfora" 06/05/1994 Macei ó/AL às 10h07min.


    O mar diário
    O mar e o rio
    adentro, fora
    ardendo agora
    quinta anáfora.


    Adriano Nunes.

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  7. paulinho (paulo sabino)4 de março de 2010 às 13:59

    das linhas surpreendentes que a quitanda do quintana tem a oferecer...

    este poema é lindo!! nem há muito o que falar, pois ele consegue dizer tudo tão clara-mente...

    beijO!

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  8. Cícero,

    Vc e sua pinça mágica a nos presentear com "achados imperdívies" da língua portuguesa.

    Renovas meu elã!

    Bj

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  9. observador,

    o quintana é o rei da delicadeza. tudo o que ele escreveu se aproxima muito de um mundo doce e cheio de perdão. deus e o anjo da guarda na visão de quintana se transformam em personagens muito próximos de nossa compreensão, por exemplo.

    eu já reservo um sorriso quando sei que a poesia é dele.
    já reparou? sempre sorrimos ao final de um verso de quintana.

    ele é um poeta especial.

    um beijo.

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  10. Antonio,


    Que maravilhoso poema! Aproveito e também pergunto: quando veremos no Acontecimentos um poema de Jorge de Lima?

    Um poema recente:


    "Lamúrias lidas"


    Eu te deixei,
    Amor,
    Bem mas feliz
    Do que eu
    Possa supor.

    Eu te entreguei,
    Meu bem,
    Toda alegria
    Que nem
    Deus ousaria.

    Tudo que fiz,
    Rapaz,
    Não foi capaz
    De unir
    As nossas vidas.

    Pois bem: que são
    As queixas
    (Por que me deixas?)
    Senão
    Lamúrias lidas?



    Bejos,
    Cecile.

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  11. Segue poema de Manuel Bendeira:

    A mario Quintana

    Meu Quintana, os teus cantares
    Não são, Quintana, cantares:
    São, Quintana, quintanares.

    Quinta essência de cantares...
    Insólitos, singulares...
    Cantares? Não! Quintanares!

    Quer livres, quer regulares,
    Abrem sempre os teus cantares
    Como flor de quintanares.

    São cantigas sem esgares,
    Onde as lágrimas são mares
    De amor, os teus quintanares.

    São feitos esses cantares
    De um tudo-nada: ao falares,
    Luzem estrelas e luares.

    São para dizer em bares
    Como em mansões seculares
    Quintana, os teus quintanares.

    Sim, em bares, onde os pares
    Se beijam sem que repares
    Que são casais exemplares.

    E quer no pudor dos lares,
    Quer no horror dos lupanares,
    Cheiram sempre os teus cantares.

    Ao ar dos melhores ares,
    Pois são simples, invulgares.
    Quintana, os teus quintanares.

    Por isso peço não pares,
    Quintana, nos teus cantares...
    Perdão! digo quintanares.

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  12. Cícero,


    obrigada pelo pedido atendido. Me abriu um imenso sorriso a atenção e a poesia.

    Um beijo.

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