Jacentes
Não paro de te perder desde esse quarto de hotel
Em que nua e de costas me gritaste vai embora
Não lembro mais nossa briga, meu erro
Só o papel, tuas costas arqueadas,
A natureza morta do dia e do armário,
E minha crença indolor em pé de que te reveria.
Gisants
Je ne cesse de te perdre depuis cette chambre d’hôtel
Où nue et détournée tu m’as crié va-t’en
Je ne me rappelle plus notre querelle, ma faute
Mais le papier, ton dos courbe,
La nature morte du jour et de l’armoire,
Et ma croyance indolore debout que j’allais te revoir
DEGUY, Michel.
Gisants. Paris: Gallimard, 1985.
A arquitetura contida nas palavras...incrível!
ResponderExcluirAbraço!
Cicero,
ResponderExcluirMuito bom!
Grande abraço,
Adriano Nunes
O retrato do instante que foi sepultado. Um belo retrato em poema feito pela "crença indolor em pé de que te reveria" (lindo verso).
ResponderExcluirGrande abraço.
Jefferson.
Cicero,
ResponderExcluirUm poema:
"Que somos nós dois agora?"
Que somos nós dois agora
Já que a hora do amor passou?
Que somos nós dois agora
Já que não há mais o que perdoar?
Que somos nós dois agora
Depois de desmascarada a alma?
Que somos nós dois agora
Depois de tanta porrada na cara?
Que somos nós dois agora
Depois de noites e noites em claro,
Sob o efeito ilusório dos ansiolíticos,
Dos dois, três comprimidos ingeridos,
De uma só vez? Que somos nós dois
Agora, depois que o navio partiu,
Depois que o avião caiu,
Depois que o circo pegou fogo?
Que somos nós dois agora,
Enquanto desfaço meu novo poema,
Enquanto me esqueces, aos prantos,
Assustando os meus vizinhos?
Que somos nós dois agora,
Entre remorsos, dúvidas e medos?
Que somos nós dois agora
Diante do livro rasgado, das fotos
Em chamas, dos lençóis sujos
Sobre outras camas, da vida ao nada,
Diante do amante distraído,
Do poeta sem graça, enlouquecido?
Que somos ainda,
Frente a frente, com nossas mentiras?
Que somos nós dois agora,
Pesando sobre os versos,
Andando por aí, sem sonhos,
Masturbando-se, sem tara,
Querendo mais que felicidade?
Grande abraço,
Adriano Nunes.
que poema lindo!!! putz. vejo letra ali!!!
ResponderExcluirCicero,
ResponderExcluirUm poema em louvor à Poesia:
"Depois, a alegria celebro"
Tento fazer a coisa certa.
A coisa é certa. A coisa é certa.
De alma atenta, de corpo aberto,
Entrego-me à tinta: Liberto
O verso dos grilhões do cérebro.
Depois, a alegria celebro.
O meu coração quase pára.
A coisa é rara! A coisa é rara!
Grande abraço,
Adriano Nunes.
Cicero,
ResponderExcluirMeu novo soneto... e óbvio que é dedicado a você!
"Junto aos brinquedos e móveis do lar" - Para Antonio Cicero.
O meu primeiro poema esqueci
Em algum lugar da infância. Talvez,
Nas gavetas da alegria. Uma vez
Mais me abrigo à sombra do cambuci,
Tentando encontrar-me, pra ser feliz.
Sequer sei sobre as palavras que criei
Naquela época de sonhos. Era um rei
Entre bárbaros - Um bardo me fiz
Junto aos brinquedos e móveis do lar.
Era tudo mágico: o trololó,
As rimas pobres, sem nunca as contar!
Agora é complicado, é quase um nó
Escrever o que sinto, sem mudar
Nada à margem do que penso, é ser só.
Grande abraço,
Adriano Nunes.
Adriano,
ResponderExcluiré uma beleza! Muito obrigado e parabéns.
Abraço grande
Gisants é simplismente lindo, Cícero!
ResponderExcluirSó queria fazer um pedido: publique algo de/sobre Mario Quintana, um dos meus preferidos! Dei uma procurada aqui no blog, mas, não achei nada. Se tiver, me perdoe.
Abs,
Líllian
Uma grande poeta argentina
ResponderExcluirAlejandra Pizarnik
Es tan cerca pedir,
tan lejos saber que
no hay.
Otro:
ella se desnuda en el paraíso
de su memoria
ella desconoce el feroz destino
de sus visiones
ella tiene miedo de no saber nombrar
lo que no existe
otro:
Memoria iluminada, galería donde vaga
la sombra de lo que espero. No es verdad
que vendrá. No es verdad que no vendrá.
otro, genial:
explicar con palabras de este mundo
que partió de mí un barco llevándome
Adoro este blog.
ResponderExcluirMais poemas em espanhol:
1-
No hay nadie en casa,
Él y yo entramos en la cocina.
De pie, sobre la puerta.
No hay ropa debajo de mi cintura.
Hunde su boca carnosa entre mis muslos.
Pasa el tiempo.
Escucho un picaporte.
Los ojos cerrados se abren.
Las piernas abiertas se cierran.
Entra mi padre.
2-
Nada de lirismo exaltado.
Subo la oblicua escarpada de nuestro nuestro, ligera.
Es la pulpa de lo real.
No hay objeto en este amor puro sujeto, sujeto a nada.
Kilómetros de tierra sin explorar.
Paisajes de armónica locura.
Nadie estuvo aquí antes. Ni siquiera yo.
Hay una forma y un gesto que no me confunden.
La verdad del incesante cambio
se derrama,
precipita
sobre mí.
Estamosaquíjuntos.
(Irreductibles dos en la fuga del tiempo).
Llamarlo reencuentro sería sacrílego.
Nada se parece a nada parecido.
Nada,
nunca,
se repite.
3-
Todo lo importante llega con él.
Las despedidas y el sentido del tiempo.
El centro de fuego y la calma en el gesto.
Amar y saber desprenderse, amando.
Levanto una mano elocuente y acaricio su nuca plateada.
No hay noción de futuro, y así es posible.
El presente despliega su sentido profundo y categórico.
Reina.
Siempre habré vivido esto.
Mi carne, mi espíritu,
maceran en la oscuridad clara del amor singular.
La palabra “siempre” toma el peso de un abismo
En el que dejarse caer confiada y con los ojos abiertos.
El amor no es ciego: es clarividente -es distinto-.
"Não paro de te perder DESDE esse quarto de hotel" é sensacional!! dá a idéia de uma perda sucessiva, inacabada, infinda.
ResponderExcluirtodo dia, como ela, a pessoa amada, não vem, não aparece, uma perda. a cada minuto, a cada segundo sem ela, uma nova desdita.
e a crença em pé na primeira perda, isto é, crença certa de si, certa de que ela, a pessoa amada, seria novamente encontrada. masssss (rs)...
uma maravilha, as imagens!!
adorei!!
beijO!!