18.4.09

Guillaume Apollinaire: "Et toi mon coeur" \ "E tu meu coração"

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E tu meu coração por que bates

Feito um atalaia melancólico
observo a noite e a morte



Et toi mon coeur pourquoi bats-tu

Comme un guetteur mélancolique
j'observe la nuit et la mort


.

9 comentários:

  1. Amado Cicero,


    Lindo! Não bate... Apenas, como um pássaro preso numa gaiola, grita de desepero. Quem o ouve, compreende bem o ritmo da vida, a métrica pulsante da morte!

    Beijo imenso!
    Adriano Nunes.

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  2. Caro Antonio Cícero,

    Perante a beleza deste poema de Apollinaire, ocorreu-me este outro de Eugénio de Andrade:

    «DESPEDIDA

    Colhe
    todo o oiro do dia
    na haste mais alta
    da melancolia.»

    As minhas saudações póeticas,

    Domingos da Mota

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  3. Cicero,


    A formação reticular fica no tronco encefálico e é uma das responsáveis pelo estado de consciência. Uma lesão nela pode levar o indivíduo ao coma.

    "FORMAÇÃO RETICULAR"

    SOU


    METADE
    DE MIM.

    MEU SER SOFRE
    MUITO ASSIM:

    MORRENDO SEMPRE
    AOS POUCOS. POBRE

    ALMA ANGUSTIADA!
    QUERES MESMO O FIM?

    APENAS MEU POEMA
    PROVA-ME VIR DO NADA.

    DEPOIS, DEVOLVE-ME, CRENTE
    DE QUE ESTOU FELIZ, A SORTE

    DE NUNCA SABER POR QUE O FIZ!





    Abraço forte!
    Adriano Nunes.

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  4. Caro Cicero,

    Poema lindíssimo. Interessante que o trecho "Feito um atalaia melancólico" está ligado sintaticamente ao trecho que o antecede ("E tu meu coração por que bates") e ao trecho que o sucede ("observo a noite e a morte"), ou seja:

    (1) E tu meu coração por que bates feito um atalaia melancólico

    (2) Feito um atalaia melancólico observo a noite e a morte

    Dois sujeitos aparecem: em (1) o sujeito é o coração e em (2) há o sujeito oculto (será pelas pancadas do coração?) eu.

    A ausência de pontuação permite esses efeitos incríveis no poema, essas constelações.

    Podemos também pensar no coração pulsando sem obedecer a uma consistência discursiva, a uma coerência sintática.

    Enfim, como em todo bom poema, há uma infinidade de interpretações possíveis...

    Grande abraço,
    Carlos Eduardo

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  5. Amado Cicero,

    Um poema da memória ou da invenção poética?

    "LEMBRANÇA"


    ALTO VOOU, LIGEIRO,
    PASSANDO PELOS QUARTOS,
    VINDO DA ESCURIDÃO
    DESSA NOITE, CANSADO,
    UM ALEGRE MORCEGO.


    BEM VELOZ, FOI, SOZINHO,
    MEIO SEM JEITO, TONTO,
    TOMBANDO, TROPEÇANDO
    EM TUDO, PELO TETO,
    VARRENDO TODA A CASA.


    CAUSOU-ME MEDO, O VÔO,
    CONVULSO, IMPREVISÍVEL,
    DESSE AÉREO MAMÍFERO,
    DESSE VAMPIROZINHO .
    MINHA VIDA O ASSUSTOU.


    SEM SABER QUE CAMINHO
    SEGUIR, SEMPRE APRESSADO,
    FEZ DO CÉU SEU TEATRO,
    PROVOCOU GRITOS, RISOS,
    ALVOROÇOS, PRESSÁGIOS.


    DEPOIS, PELA JANELA,
    FUGIU, SEM VESTÍGIO
    DEIXAR... APENAS VERSOS
    DO SONHO DE PODÊ-LO
    VER, AGORA,VOLTAR!


    Abraço forte!
    Adriano Nunes.

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  6. A morte de alguém que queremos bem é brusca,
    mesmo quando se arrasta em longas espirais de sofrimento.
    Virá o dia em que acharei normal teres partido.
    Mas hoje, não: hoje ainda me assalta esta tristeza.
    Fostes a algum lugar? Não sei.
    Os que têm fé dirão que sim.
    Para mim, porém, apenas não sentes mais a vida,
    não alargas mais teu pensamento sobre a franja dos dias,
    nem reclamas mais de coisa alguma.

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