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Soneto de passagem
Das águas corredias da memória
emergem os liames da incerteza:
retêm lendas, mitos e a história
das crenças, das ideias e a beleza
das artes, dos ofícios, da cultura,
e de terras fecundas e até sáfaras
que foram e serão a sepultura
de quem partiu do fio das diásporas.
É veloz o decurso desta vida:
um dia após o outro, e de repente
já fomos, e o que sobra à despedida
oxalá fosse pasto de semente:
de novo sentiríamos o sol,
quem sabe se flor, se rouxinol.
Belíssimo.
ResponderExcluirMarcelo Diniz
Cicero,
ResponderExcluirParabéns para o Domingos da Mota!
"PROJEÇÃO"
São versos da madrugada, do vazio
Da minh'alma cansada: canto vão
Do meu coração vil, quase desvão
De vida magoada, dom vadio
De voz enciumada, de pessoa
Envenenada, de proeza
Poética, da seiva da tristeza
Profunda, da saudade que só soa
Quando tudo termina,dessa angústia
De escritor descrita - tentativas
De sorver o vernáculo: que astúcia!
São vontades verídicas e vivas!
São minas de tesouros, as minúcias!
São minhas essas dúvidas lesivas!
Abraço forte!
Adriano Nunes.
caralho!, domingos da mota, meu querido, você ARREBENTOU!
ResponderExcluirque lindo poema, obra-prima!
estou encantadíssimo com as suas linhas!
valeu, cicero, pelo presente!
beijo em vocês (no dono do pedaço e no autor da pérola)!
Grande, Cicero!
ResponderExcluirSoneto de prima!
Abçs.
Um toque sutil
ResponderExcluirDe leve, no cabelo,
Bastou e
Estou
Leve e entregue
Ao devaneio
Arrepio, rodopio,
Da febre mais alegre
Nos olhos mais azuis que o mar
Em algum lugar
Além dessa lua que brilha
Do barco e sua quilha.
A cada visita aqui, a gente nunca sai do modo como chegou. Seu blog, Cicero, acredite, é transformador.
ResponderExcluirAgradeço ao poeta pelo poema e a vc pela divulgação desse excelente poeta.
Um grande abraço.
Aeta
Caro poeta e filósofo Antonio Cícero,
ResponderExcluirAntes de mais deixe-me agradecer-lhe o ter postado este "Soneto de passagem" no seu blog, o que muito me honra; e permita-me que agradeça também a todos os que o leram e comentaram (mas com uma palavra especial para o paulinho): pensei que esse vernáculo, tão à moda do Porto, se usasse mais deste lado do Oceano, tanto para elogiar como para fustigar alguém ou alguma coisa que nos impressiona: ainda bem que por aí há quem não tenha papas na língua.
Muito obrigado a todos,
Domingos da Mota