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Elegiazinha
[i. m. nikita (gata da Inês)]
Gatos não morrem de verdade:
eles apenas se reintegram
no ronronar da eternidade.
Gatos jamais morrem de fato:
suas almas saem de fininho
atrás de alguma alma de rato.
Gatos não morrem: sua fictícia
morte não passa de uma forma
mais refinada de preguiça.
Gatos não morrem: rumo a um nível
mais alto é que eles, galho a galho,
sobem numa árvore invisível.
Gatos não morrem: mais preciso
— se somem — é dizer que foram
rasgar sofás no paraíso
e dormirão lá, depois do ônus
de sete bem vividas vidas,
seus sete merecidos sonos.
De: ASCHER, Nelson. Parte alguma. São Paulo: Companhia das Letras, 2005.
M-a-r-a-v-i-l-h-a!!
ResponderExcluirQue Nelson Ascher é íntimo
das palavras! Nasceu com elas!
Se vc me permite...
A Última Sessão de Cinema
"Não é que tenha, por
chegar tarde, perdido
toda a primeira parte,
porém, como, de tão
longe dali, pensando
na morte do bezerro
que estava, mal deu para
vê-la passar. Agora
só resta, se é que dá
tempo, assistir ao resto,
meio lembrando meio
adivinhando quanto
passou, a fim de achar
- embora nem se possa
esclarecer ainda
o gênero (suspense,
drama, comédia?) ao qual
pertence o filme - o fio
da meada, porque, mesmo
que seja sempre um anti-
climax seu fim, até
quem de cinema nada
entende sabe que esta
é a única sessão."
Nelson Ascher
*Isso que é se permitir...
Usar todas as 'licenças poéticas'!
*Gosto muito deste lugar, depois
da 'Palavra (En)cantada'!!
Amado Cicero,
ResponderExcluirNelson Ascher é um excelente poeta. Esse poema dele remete-nos à vida dos gatinhos (ou dos poemas?) com toda mágica, alegria... não há morte,e sim miados poéticos! Parabéns!
Abraço forte!
Adriano Nunes.
Caro Antonio Cícero,
ResponderExcluirOs meus parabéns Nelson Ascher por este excelente poema sobre os gatos.
Como contraponto, vou enviar-lhe uma "Elegia para o gato morto", que está publicada no meu blogue http://fogomaduro.blogspot.com/
e se achar que tem interesse, poderá publicá-la também no seu blogue, ou enviá-la Nelson Ascher.
As minhas saudações a ambos,
Domingos da Mota
Cicero,
ResponderExcluirNão fique constrangido: você é a melhor coisa que a atualidade pôde produzir!!!! Amo-te de uma integridade sem par!!! Que bom que existe o Acontecimentos!!! Vida eterna para você!!!
Seu sempre amigo Adriano Nunes.
Adriano,
ResponderExcluirvocê é doido, eu não sou nada disso, mas muito obrigado!
Um grande abraço do amigo
Antonio Cicero
Que lugar maravilhoso este!
ResponderExcluirCaro Cícero,senti muito a saída do Ascher da Folha.Você não sabe se ele mantém algum blog ou site onde seja possível lê-lo novamente?
ResponderExcluirObrigado!
Marcello,
ResponderExcluirque eu saiba, ele não tem blog. Mas vou procurar saber.
Abraço
Oi Cicero,
ResponderExcluirPoema maravilhoso, não conhecia.
Parabéns pela postagem.
Grande abraço,
Carlos Eduardo
ps. Ah... se for assim eu também sou louco porque acho que o Adriano Nunes tem razão, assino embaixo do que ele escreveu.
Sempre desconfiei disso, mas ele diz melhor. Sempre.
ResponderExcluirCaro Carlos Eduardo,
ResponderExcluirSeja você também doido ou não, também lhe fico grato.
Abraço
Que interessante observar, no início de cada verso, a reiteração da expressão:
ResponderExcluir"gatos não morrem".
A partir dessa observação, resolvi traduzir os elogios ao dono do Blog (desde já pedindo perdão por tamanha pretensão):
VIDA DE GATO PARA ANTONIO CICERO!
Abraço.
Tomas B.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPrezado Cícero,
ResponderExcluirTalvez você não tenha noção da lacuna que preenche para muitos que apreciam poesia e descobriram o seu blog. Mas o bom senso libertário das suas opiniões torna-se uma referência, uma descoberta, ou, no mínimo, um ponto de vista teórico ou estético a ser considerado.
Ressalto ainda sua pontaria certeira, pois compro alguns livros de poetas que você posta e, diversas vezes, constato que você escolheu o melhor poema do livro.
Um abraço,
JR.
Agradeço a Tomas e a João Renato pelas palavras gentis.
ResponderExcluirAbraços
Esse poema do Ascher é sutil, lúdico.
ResponderExcluirCícero,
suas escolhas são sempre certeiras.
Grande abraço