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(Abrigo)
Há uma casa,
como casca,
crosta presa
nas costas.
Cicatriz de um
ninho quente,
vermelho de
fogão de lenha,
infância
onde o homem
já não cabe.
Há uma casa
branca corno
a cal, vazia,
imaterial,
que flutua
no espaço,
onde o corpo
busca guarida
quando a vida
já perdeu
o seu sal.
De: GALVÃO, Donizete. In: Traçados diversos. Uma antologia da poesia contemporânea. Org. por Adilson Miguel. São Paulo: Scipione, 2009.
Belo poema «sine grano salis»
ResponderExcluirDomingos da Mota
Lá
ResponderExcluirUm lampejo
Uma luz no breu
Lá longe, aonde o mar parece ser seu,
Na vastidão
onde fala alto o coração
Que vê tudo que sente
Pupilas soltas ao vento.
ótima escolha Antônio....
ResponderExcluireu tbm preciso de uns "abrigos".
Oi Antônio Cícero,
ResponderExcluirEstive olhando o seu blog e o coloquei na lista de interessantes de meu blog para que outros possam ver. Não sou de escrever poesias, entretanto, possuo um livro editado (Gráfica Porto, de meu falecido pai) e publicado, sobre os meus próprios sentimentos, em forma de poemas. Enfim, eu resolvi "acompanhar" o seu blog. À propósito, eu criei o meu neste domingo que passou (22/03) e ficarei contente se o visitasse. Um abraço, Ana Lúcia Porto.
Cicero,
ResponderExcluirLindo!
Meu novo soneto:
"PORTO DE PEDRAS"
Do sobrado descrevo o coração
Da cidade, esse céu, todos os mares,
Os vértices de mármore, pilares
Dos vastos devaneios da visão.
O meu ser se congela na paisagem
E pra sempre se prende à Poesia
Do povoado. Em vão, tudo seria.
Talvez, uma vertigem da linguagem.
Serve-me de moldura, de morada
O limite das praias, o vestígio
Do lindo litoral que nunca acaba.
Cais, pedras, praças, casas elogio.
À vista, a voz da vida se propaga.
Para além da miragem, foz de rio.
Abraço forte!
Adriano Nunes.
não conhecia o poeta e gostei. vou atrás.
ResponderExcluirEntre a casa física e o homem, existe uma casa sonhada onde o homem pode habitar quando a antiga casa está em ruínas: sonhos!
ResponderExcluirAbraços.
Jefferson
porra, cicero, que poema lindo!
ResponderExcluirele me remeteu ao disco da marina, da sua linda irmã, o "abrigo". primeiramente, por conta da coincidência de títulos. e também porque, à época do seu lançamento, ela deixou, em suas entrevistas, este poema do donizete galvão implícito: o repertório como um grande abrigo, um ninho quente, como a casa branca, imaterial, que flutua no espaço e que fornece guarida.
eu, graças!, também possuo a minha casa-crosta presa nas costas.
beijo, lindão!