19.6.08

Cioran: de "Syllogismes de l'amertume"

Sans Dieu tout est néant; et Dieu? Néant suprême.

[Sem Deus tudo é nada; e Deus? Nada supremo.]


De: "Le cirque de la solitude", in: Syllogismes de l'amertume. Paris: Gallimard, 1980, p.79

5 comentários:

  1. porra, que sentença!

    sensacional! é a noção da tamanha desimportância que é a nossa condição humana, da tamanha desimportância que é a existência neste mundo, que muitos de nós teimam em desaceitar.

    me pego pensando: que besteira, né? e qual é o problema da desimportância?

    já escreveu o grande grande grande manoel de barros, em um dos seus lindos poemas:

    "O que presta não tem confirmação/ o que não presta, tem./ Não serei mais um pobre diabo que sofre de nobrezas."

    pois eu também.

    "as violetas me imensam", meu caro e querido.

    um grande beijo nocê e um cafuné nalma.

    tudo bonito!

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  2. Pia

    O silêncio
    Na casa vazia
    Arrepia
    Nada é imortal
    Nem mesmo o nada
    Existe Deus?
    No silêncio espectral
    Onde nem a coruja pia.

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  3. Prezado A. Cicero,
    Seus textos, aqui no blog, sempre iluminam outras falas que já repousavam na escuridão do meu esquecimento. Lembrei-me de um trecho do Breviário de Decomposição, do Cioran (em tradução de José Thomaz Brum), onde o niilismo, o pessimismo e o ateismo explícitos são no fundo afirmação da vida.
    Transcrevo o excerto, em homenagem à sua "decência intelectual":
    "Existe maior renúncia do que a fé? É verdade que sem ela nos embrenhamos em uma infinidade de becos sem saída. Mas mesmo sabendo que nada pode levar a nada, que o universo é apenas um subproduto de nossa tristeza, por que sacrificaríamos este prazer de tropeçar e esmagar a cabeça contra a terra e o céu?
    As soluções que nos propõe nossa covardia ancestral são as piores deserções ao nosso dever de decência intelectual. Equivocar-se, viver e morrer enganados,isto é o que fazem os homens. Mas existe uma dignidade que nos preserva de desaparecer em Deus e que transforma todos os nossos instantes em orações que não faremos jamais."
    Grato,
    Mariano

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  4. Mas é um equívoco grave, no caso de quem pensa assim, considerar Cioran um ateu, no sentido do senso-comum a que estamos acstumados hoje em dia. Trata-se de um espírito não apenas místico, como também religioso, muito embora sui generis.

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