sensacional! é a noção da tamanha desimportância que é a nossa condição humana, da tamanha desimportância que é a existência neste mundo, que muitos de nós teimam em desaceitar.
me pego pensando: que besteira, né? e qual é o problema da desimportância?
já escreveu o grande grande grande manoel de barros, em um dos seus lindos poemas:
"O que presta não tem confirmação/ o que não presta, tem./ Não serei mais um pobre diabo que sofre de nobrezas."
Prezado A. Cicero, Seus textos, aqui no blog, sempre iluminam outras falas que já repousavam na escuridão do meu esquecimento. Lembrei-me de um trecho do Breviário de Decomposição, do Cioran (em tradução de José Thomaz Brum), onde o niilismo, o pessimismo e o ateismo explícitos são no fundo afirmação da vida. Transcrevo o excerto, em homenagem à sua "decência intelectual": "Existe maior renúncia do que a fé? É verdade que sem ela nos embrenhamos em uma infinidade de becos sem saída. Mas mesmo sabendo que nada pode levar a nada, que o universo é apenas um subproduto de nossa tristeza, por que sacrificaríamos este prazer de tropeçar e esmagar a cabeça contra a terra e o céu? As soluções que nos propõe nossa covardia ancestral são as piores deserções ao nosso dever de decência intelectual. Equivocar-se, viver e morrer enganados,isto é o que fazem os homens. Mas existe uma dignidade que nos preserva de desaparecer em Deus e que transforma todos os nossos instantes em orações que não faremos jamais." Grato, Mariano
Mas é um equívoco grave, no caso de quem pensa assim, considerar Cioran um ateu, no sentido do senso-comum a que estamos acstumados hoje em dia. Trata-se de um espírito não apenas místico, como também religioso, muito embora sui generis.
porra, que sentença!
ResponderExcluirsensacional! é a noção da tamanha desimportância que é a nossa condição humana, da tamanha desimportância que é a existência neste mundo, que muitos de nós teimam em desaceitar.
me pego pensando: que besteira, né? e qual é o problema da desimportância?
já escreveu o grande grande grande manoel de barros, em um dos seus lindos poemas:
"O que presta não tem confirmação/ o que não presta, tem./ Não serei mais um pobre diabo que sofre de nobrezas."
pois eu também.
"as violetas me imensam", meu caro e querido.
um grande beijo nocê e um cafuné nalma.
tudo bonito!
Pia
ResponderExcluirO silêncio
Na casa vazia
Arrepia
Nada é imortal
Nem mesmo o nada
Existe Deus?
No silêncio espectral
Onde nem a coruja pia.
Prezado A. Cicero,
ResponderExcluirSeus textos, aqui no blog, sempre iluminam outras falas que já repousavam na escuridão do meu esquecimento. Lembrei-me de um trecho do Breviário de Decomposição, do Cioran (em tradução de José Thomaz Brum), onde o niilismo, o pessimismo e o ateismo explícitos são no fundo afirmação da vida.
Transcrevo o excerto, em homenagem à sua "decência intelectual":
"Existe maior renúncia do que a fé? É verdade que sem ela nos embrenhamos em uma infinidade de becos sem saída. Mas mesmo sabendo que nada pode levar a nada, que o universo é apenas um subproduto de nossa tristeza, por que sacrificaríamos este prazer de tropeçar e esmagar a cabeça contra a terra e o céu?
As soluções que nos propõe nossa covardia ancestral são as piores deserções ao nosso dever de decência intelectual. Equivocar-se, viver e morrer enganados,isto é o que fazem os homens. Mas existe uma dignidade que nos preserva de desaparecer em Deus e que transforma todos os nossos instantes em orações que não faremos jamais."
Grato,
Mariano
Texto maravilhoso, Mariano. Obrigado.
ResponderExcluirMas é um equívoco grave, no caso de quem pensa assim, considerar Cioran um ateu, no sentido do senso-comum a que estamos acstumados hoje em dia. Trata-se de um espírito não apenas místico, como também religioso, muito embora sui generis.
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