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Soneto do Desmantelo Azul
Então, pintei de azul os meus sapatos
por não poder de azul pintar as ruas,
depois, vesti meus gestos insensatos
e colori as minhas mãos e as tuas.
Para extinguir em nós o azul ausente
e aprisionar no azul as coisas gratas,
enfim, nós derramamos simplesmente
azul sobre os vestidos e as gravatas.
E afogados em nós, nem nos lembramos
que no excesso que havia em nosso espaço
pudesse haver de azul também cansaço.
E perdidos de azul nos contemplamos
e vimos que entre nós nascia um sul
vertiginosamente azul. Azul.
De: PENA FILHO, Carlos. "A vertigem lúcida". In: Livro geral. Olinda: Gráfica Vitória, 1977.
Perdido no deserto
ResponderExcluirO caminhante sente sede
Vê algo verde
Parece que está perto
Liberto da dó e do nó
Vai em direção às águas calmas
Lava seu corpo do pó
E da vertigem da alma
No chão de cimento divaga sobre a
lisura
Transparente do ser ausente
Nos seus olhos resplandecente
Sob o céu azul e quente
Afaga seus dedos docemente
Enquanto tece o bordado na seda
mais pura.
nossa senhora, cicero, que poema lindo! que coisa maravilhosa, arrebatadora...
ResponderExcluirapaixonei-me pela pena do carlos (rs)!
azul azul azul, cor da minha predileção.
azul azul azul... cor que, para sempre,
luza!
beijo grande, bonito, cercado de cores!
Caro Antonio,
ResponderExcluirAdoro esse poeta e, particularmente, esse poema. Fiquei muito contente por você o estar divulgando em seu blog.
Um abraço.