13.5.19

Manuel António Pina: "Esplanada"




Esplanada

Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,

agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.

O café agora é um banco, tu professora do liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.






PINA, Manuel António. "Esplanada". In:_____. Um sítio onde pousar a cabeça. Santa Maria da Feira: Edição do autor, 1991.

3 comentários:

  1. Antonio, vejo poucos poetas de língua espanhola em seu blogue. É impressao minha?

    Eu gosto do repertório, nao é uma crítica :)

    Abcs

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  2. Caro Thiago,

    eu não tinha notado isso. Vou dar um olhada, pois adoro poetas de língua espanhola.

    Abraço

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  3. XXVII


    A usted le doy una flor,
    si me permite,
    un gato y un micrófono,
    un destornillador totalmente en desuso,
    una ventana alegre.
    Agítelos.
    Haga un poema
    o cualquier otra cosa.
    Léasela al vecino.
    Arrójela feliz al sumidero.
    Y buenos días,
    no vuelva nunca más, salude
    a cuantos aún recuerden
    que nos vamos pudriendo de impotencia.

    (José Ángel Valente)


    ...Em agradecimento pelo poema de Borges ("O Cego") postado hoje, que eu nao conhecia

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