Esplanada
Naquele tempo falavas muito de perfeição,
da prosa dos versos irregulares
onde cantam os sentimentos irregulares.
Envelhecemos todos, tu, eu e a discussão,
agora lês saramagos & coisas assim
e eu já não fico a ouvir-te como antigamente
olhando as tuas pernas que subiam lentamente
até um sítio escuro dentro de mim.
O café agora é um banco, tu professora do liceu;
Bob Dylan encheu-se de dinheiro, o Che morreu.
Agora as tuas pernas são coisas úteis, andantes,
e não caminhos por andar como dantes.
PINA, Manuel António. "Esplanada". In:_____. Um sítio onde pousar a cabeça. Santa Maria da Feira: Edição do autor, 1991.
3 comentários:
Antonio, vejo poucos poetas de língua espanhola em seu blogue. É impressao minha?
Eu gosto do repertório, nao é uma crítica :)
Abcs
Caro Thiago,
eu não tinha notado isso. Vou dar um olhada, pois adoro poetas de língua espanhola.
Abraço
XXVII
A usted le doy una flor,
si me permite,
un gato y un micrófono,
un destornillador totalmente en desuso,
una ventana alegre.
Agítelos.
Haga un poema
o cualquier otra cosa.
Léasela al vecino.
Arrójela feliz al sumidero.
Y buenos días,
no vuelva nunca más, salude
a cuantos aún recuerden
que nos vamos pudriendo de impotencia.
(José Ángel Valente)
...Em agradecimento pelo poema de Borges ("O Cego") postado hoje, que eu nao conhecia
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