As árvores
As folhas rebentam nas árvores
Como algo que quase se diz;
Os novos botões espreguiçam-se,
O verde é uma forma de mágoa.
Será que renascem, e nós
A envelhecer? Não, também morrem.
O truque que as faz parecer novas
Está escrito no grão dos anéis.
Porém os castelos inquietos
Adensam e crescem com o Maio.
Dizem: “passou, morreu o ano –
Recomecem, recomecem…”
The Trees
The Trees are coming into leaf
Like something almost being said;
The recent buds relax and spread,
Their greenness is a kind of grief.
Is it that they are born again
And we grow old? No, they die too.
Their yearly trick of looking new
Is written down in the rings of grain.
Yet still the unresting castles thresh
In fullgrown thickness every May.
Last year is dead, they seem to say,
Begin afresh, afresh, afresh.
LARKIN, Philip. "The trees" / "As árvores". In:_____. Janelas altas. Título original: High windows. Trad. por Rui Carvalho Homem. Lisboa: Cotovia, 2004.
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