Ao leitor
Se fosse o Ser quem fala no poema
eu calaria a boca, e é até possível
que o escutasse, um pouco. Sem problema;
seria, eu sei, um papo de alto nível.
Mas esta fala aqui -- garanto -- vem
de um mero estar, minúsculo, mortal,
prosaico e costumeiro, a voz de alguém
que embore sonhe no condicional
habita -- na vigília -- o indicativo,
e fala sempre, sempre, na primeira
e singular pessoa que está sendo
agora e aqui, como qualquer ser vivo
com o dom da palavra (a trapaceira),
tal qual faz quem me lê neste momento.
BRITTO, Paulo Henriques. "Ao leitor". In: Uma antologia comemorativa.. São Paulo: Companhia das Letras, 35 anos.
Boa noite,
ResponderExcluirAcho que tem um erro de digitação no verso: e singuar pessoa que está sendo....
Tem razão, Bia Reinach! Não sei como aconteceu! Já corrigi e peço desculpas a todos.
ResponderExcluirAntonio Cicero