16.9.21

Paul Verlaine: "C'est l'extase langoureuse..." / "É o êxtase langoroso...": trad. por Guilherme de Almeida

 



É o êxtase langoroso...



É o êxtase langoroso,

É o cansaço amoroso,

É todo o bosque a vibrar

Ao enlace das aragens,

São, nas grisalhas ramagens,

Mil vozes a cochichar.


Óh! o fino e fresco cicio!

É chilreio e balbucio,

Parece esses doces ais

Que a relva móvel suspira ...

Dirias, na água que gira,

Rolar de seixos casuais.


Essa alma que se lamenta

Nessa queixa sonolenta

Não será a nossa, ai de nós?

A minha à tua enlaçada,

Exalando a humilde toada

Nesta tarde, a meia voz?






C'est l'extase langoureuse...



C'est l'extase langoureuse,

C'est la fatigue amoureuse,

C'est tous les frissons des bois

Parmi l'étreinte des brises,

C'est, vers les ramures grises,

Le choeur des petites voix.


O le frêle et frais murmure !

Cela gazouille et susurre,

Cela ressemble au cri doux

Que l'herbe agitée expire...

Tu dirais, sous l'eau qui vire,

Le roulis sourd des cailloux.


Cette âme qui se lamente

En cette plainte dormante,

C'est la nôtre, n'est-ce pas ?

La mienne, dis, et la tienne,

Dont s'exhale l'humble antienne

Par ce tiède soir, tout bas ?






VERLAINE, Paul. "C'est l'extase langoureuse..." / "É o êxtase langoroso..." In: ALMEIDA, Guilherme de. Poetas de França. São Paulo: Babel, s.d.


4 comentários:

  1. “Óh! o fino e fresco cicio!
    É chilreio e balbucio,
    Parece esses doces ais
    Que a relva móvel suspira ...
    Dirias, na água que gira,
    Rolar de seixos casuais.”

    Quanta sensualidade! Quanto amor! Por gentileza, quem é o tradutor?

    A propósito, este blog é mesmo do Antônio Cícero?

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  2. Caro Paulo,

    Agradeço-lhe por me ter chamado atenção para o fato de que eu não tinha dado o nome do tradutor desse poema. Acabo de fazê-lo.

    Sim, o blog é meu.

    Abraço,
    Antonio Cicero

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  3. Caro Antonio Cicero,

    Grato pela atenção e informação. Sei que os comentários são moderados, mas como não tenho outro meio de contato, vou escrever mesmo assim (e depois você apaga, por gentileza): cresci lendo seus livros e ouvindo suas palavras cantadas, me identifico muito com seu modo de escrita (ou maneira de escrever), sempre fluido e assertivo, sem esquecer dos portantos nas entrelinhas. Tem aqui um fã de coração. Grato por tanta beleza e sabedoria. Se um dia a quarentena terminar e quiser tomar um café e gastar 10 minutos de prosa, fica meu convite.

    Um forte abraço,

    Paulo Adolfo

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  4. Caro Paulo,

    obrigado pela gentileza. Fico feliz de saber que você aprecia meu modo de escrita.
    Sim, será um prazer tomar um café ou um chope com você. Podemos ir, por exemplo, ao Bar Lagoa.

    Abraço,
    ACicero

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