No fogo da memória
Começa-se o silêncio a desenhar
nos interstícios da carne, a que se prendem
imagens que no fogo
lento da memória se apuraram
de dia para dia e que o passado
nos serve agora como uma iguaria.
NAVA, Luís Miguel. "No fogo da memória". In:_____. "O céu sob as entranhas". In:_____. Poesia completa -- 1979-1994. Organização e posfácio por Gastão Cruz. Lisboa: Com Quixote, 2002.
Uma dona
ResponderExcluirBem agora o olhar me diz
Que elegante é o teu nariz!
Condiz com a pose do andar
Que nem é pose, é um estar
Um modo esguio de ser morena
Que eu via quando era pequena
Noutra mulher morena e magra
Que o olho da memória flagra
(Em outra mulher magra e morena
Que eu vi ah! quando era pequena)
O leve trinado em tua voz
Seu timbre alegre que ecoa
Vibra em torno e nem destoa
Cai macio como teu riso
No talhe assim de seda fina
Que eu amei desde menina
Meigle Rafael
Fev 19
ResponderExcluirNão há como explicar
em versos de Gibraltar
Não há como evitar
imergir em teu olhar
Não há como evitar sentir
com as cores do entardecer
o ser
pétala sobre pétalas
no mar a procurar
uma sereia que parece
reinventou-se
alheia.