Havia
Havia um Deus de costas, nu e sobre o lustre
na sala mais íntima das minhas almas.
Chamei-o pelo nome. E ele dissolveu-se
no espaço agora definido pelo corpo
da minha natureza a celebrar desejos
não mais divinos porque imensamente humanos.
A vida se liberta ao libertar o fogo
maior que o medo de dar nome aos deuses.
Chega de fantasmas! Vamos ficar nus, vamos ser
inteiramente o corpo que somos
porque é no chão sem fim do que é o desejo
que o universo planta em nós a sua voz. E mora.
FÉLIX, Moacyr. "Havia". In:_____. Em nome da vida. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1981.
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ResponderExcluirFui num encontro na casa do Moacyr Félix antes de sua morte. Fui com um pessoal da Universidade Santa Úrsula e uma amiga da escola onde trabalhava. Lemos muitos poemas do livro "Canção do exílio aqui". O Moacyr era fabuloso.
ResponderExcluirObrigada pela lembrança.
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ResponderExcluir...sensação de que o poema mesmo é
“Vamos ficar nus,
vamos ser
inteiramente o corpo que somos
porque é no chão sem fim do que é o
desejo
que o universo planta em nós sua voz.
E mora.”
Mas se fosse só essa parte, não haveria aquele um Deus e tudo que vem antes no poema e necessariamente prepara o trecho final. Então volto atrás.
Maravilhoso! (Não encontro outra palavra)