Cidade
Para Arthur Nestrovsky
Lembro que o futuro era uma cidade
nebulosa da qual eu esperava
tudo e que, sendo uma cidade, nada
esperava de ninguém. Ah, cidade
sonhada de avenidas macadâmicas,
turbas febris e prédios de granito:
o que era que eu perdera e que, perdido
e em cacos, buscava nas tuas áridas
calçadas e esquinas? Hoje constato
que a névoa do futuro do passado
adensa-se dia a dia. De longe
teus contornos são mais arredondados.
Tu, cidade irreal, aos poucos somes:
já anseio te rever e já te escondes.
CICERO, Antonio. "Cidade". In: Porventura. Rio de Janeiro: Record, 2012.
Outro
ResponderExcluirVocê sempre existiu
Aqui prá mim
E isso é uma grande
Surpresa
Para quem não espera
por surpresas
E me põe noutra condição
que desconheço
E, se conheço,
Será que reconheço?
Belíssimo poema, Cicero! Daqueles que ficam ecoando dentro da gente após a leitura, e que se apresentam desde o primeiro momento como um acréscimo importante à nossa vida. Já sei que retornarei inúmeras vezes a ele, a essa "cidade irreal" de "avenidas macadâmicas" e "áridas calçadas" que eu jamais suspeitei que existisse, mas que a partir de agora faz também parte da minha vida. Abraço!
ResponderExcluirCaro Rodrigo Cardozo,
ResponderExcluirSuas palavras me deixaram felicíssimo. Muito obrigado!
Lindo! Estou aqui relendo. Tem poema que exige logo ser relido, relembrado. Este, Antonio Cícero, eu já sei que vamos ficar (o poema e eu) nos revisitando.
ResponderExcluirQue bom, Meigle! Suas palavras me deixam feliz.
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