Receita de poema
Um poema que desaparecesse
à medida que fosse nascendo,
e que dele nada então restasse
senão o silêncio de estar não sendo.
Que nele apenas ecoasse
o som do vazio mais pleno.
E depois que tudo matasse
morresse do próprio veneno.
SECCHIN, Antonio Carlos. "Receita de poema". In:_____. Hálito das pedras. (Série "Item de Colecionador" - coordenada por Diego Mendes Sousa). Gurantinguetá: Penalux, 2019.
Maravilhoso, Cícero!
ResponderExcluirFlutua
ResponderExcluirA lua flutua
e minha esperança
delicada
pede esperança
além do mais
os animais
estão tranquilos
E aprecio ainda mais
As belezas sem fim
do cotidiano
sem plano ou diretriz
escritas na lousa no giz
Versos reversos
Feitos no diapasão
Escritos do teu coração.
Encantador!!! Isso é o mestre Secchin, nos dizendo da maravilha da poesia👏👏👏 e nos instigando a arriscar escrever.
ResponderExcluirAo mestre Seccchin:
Receita de Leitor
Percorrer rios cheios, vazios
suas margens altivas, chamam
Como a poesia, não deixa tardio
ainda assim poucos conclamam
O velejador aspira o vento
O pescador agradece, contente
A lavandeira estende a roupa
O vaqueiro aboia o gado
O lavrador chama os bois
Pra sulcrar a terra com o arado
E o sabiá nem dá-se a lembrar
que a seca ficou pra trás
O anu em vôos rasantes,
caçoa da taquara alarmante
Seguem todos o seu ritmo marcante
Cada qual buscando seu prumo
Louvando aos céus a cada instante
Por receber o sustento merecido
E a poesia entrelaçada nesse rumo
Dá o tom dessa marcha valida
Tonho do Paiaiá
Imbassaí 27 junho 2020