Morrer
Pois morrer é apenas isto:
Cerrar os olhos vazios
e esquecer o que foi visto;
é não supor-se infinito,
mas antes fáustico e ambíguo,
jogral entre a história e o mito;
é despedir-se em surdina,
sem epitáfio melífluo
ou testamento sovina;
é talvez como despir
o que em vida não vestia
e agora é inútil vestir;
é nada deixar aqui:
memória, pecúlio, estirpe,
sequer um traço de si;
é findar-se como um círio
em cuja luz tudo expira
sem êxtase nem martírio.
JUNQUEIRA, Ivan. "Morrer". In: FÉLIX, Moacyr (org.).
41 poetas do Rio. Rio de Janeiro: Funarte, 1998.
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