19.3.15

Fernando Pinto do Amaral: "Espectro"




Espectro

Quem te disser agora como cai
a tarde apenas fala
da tua própria vida      Quem agora
te disser como desce devagar
o inverno mais secreto
ao teu corpo não mente — apenas fala
do tempo que foi teu desde o princípio
ao fim      Sempre soubeste
que nada vale nada
mas queres continuar      Todos os dias
entregam ao futuro a sua sombra
e no entanto acendem ao crepúsculo
o seu mais claro enigma, esse resto
de sol em movimento
quando por um instante vês brilhar
ainda a sua luz, o seu incerto
espectro



AMARAL, Fernando Pinto do. "Espectro". In:_____. Paliativos. Lisboa: Língua Morta, 2012.

2 comentários:

  1. Cicero,


    grato por postar esse belo poema!



    Abraço forte,
    Adriano Nunes

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  2. Combinada

    Estou pensando
    em me mudar
    estou mudando
    E pegar o primeiro comboio
    Zarpar
    Comemorar
    o comemorável
    Sair do coma
    Cambaleante
    Combinado
    Amante, pois
    Isto é formidável
    Combustão
    do meu coração.

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