Tempo-eternidade
O instante é tudo para mim que ausente
do segredo que os dias encadeia
me abismo na canção que pastoreia
as infinitas nuvens do presente.
Pobre de tempo fico transparente
à luz desta canção que me rodeia
como se a carne se fizesse alheia
à nossa opacidade descontente.
Nos meus olhos o tempo é uma cegueira
e a minha eternidade uma bandeira
aberta em céu azul de solidões.
Sem margens sem destino sem história
o tempo que se esvai é minha glória
e o susto de minh´alma sem razões.
CAMPOS, Paulo Mendes.
Antologia poética. Rio de Janeiro: Fontana Expressão e Cultura, 1978.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirArsenio
ResponderExcluirCícero!
Este soneto é do Paulo Mendes Campos. Pode conferir. O Grande Jose Paulo Paes pouco sonetou, mas poderia ter assinado essa beleza.
Arsenio,
ResponderExcluirvocê tem toda razão. Peço desculpa aos leitores. Não sei como pude cometer esse lapso, pois conheço esse poema há muito tempo e sempre soube que era do Paulo Mendes Campos... Não sei como, na hora de transcrever para o blog, o nome que apareceu foi o do José Paulo Paes...
Acontece, Cicero. Outro dia desses, eu comprei o clássico romance do Bioy Casares (A INVENÇÃO DE MOREL) para dar ao meu irmão, pelo segundo ano consecutivo... Fiquei preocupado, pois ela gostou tanto que já estava em Histórias Fantásticas, do mesmo autor.
ResponderExcluirNão tive dúvida algum que você cometeu um lapso, ainda mais em se tratando de poesia, e de um poeta que lhe é próximo por ser imenso e por ter vivido e escrito toda sua a obra lírica e ficcional no Rio, contemporâneo de Vinicius de Moraes, cuja obra você vem reeditando e reorganizando com o Eucannaã de forma linda e competente.
Abraços
Arsenio
Obrigado, Arsenio!
ResponderExcluirAbraço
E pra finalizarmos, ele, Paulo Mendes Campos:
ResponderExcluirTrês coisas
Não consigo entender
O tempo
A morte
Teu olhar
O tempo é muito comprido
A morte não tem sentido
Teu olhar me põe perdido
Não consigo medir
O tempo
A morte
Teu olhar
O tempo, quando é que cessa?
A morte, quando começa?
Teu olhar, quando se expressa?
Muito medo tenho
Do tempo
Da morte
De teu olhar
O tempo levanta o muro.
A morte será o escuro?
Em teu olhar me procuro.
Paulo Mendes Campos
(1922-1991)
(In "Poemas - Paulo Mendes Campos"
ISBN: RJ790619 - Ano: 1984 / Páginas: 205 Editora: Civilização Brasileira)
Arsenio Meira