6.10.14

Heinrich Heine: "Os anjos" / "Die Engel": trad. André Vallias




Os anjos

Eu, incrédulo Tomé,
Já não creio na doutrina
Que o rabi e o padre ensinam:
Nesse “céu” não levo fé!

Mas nos anjos acredito,
Dou aqui meu testemunho:
Perambulam pelo mundo,
Impolutos e bonitos.

Só refuto essa bobagem
De anjo aparecer de asinha;
Sei de muitos, Senhorinha,
Desprovidos de penagem.

Com carinho e claridade,
De olho atento nos humanos,
Nos protegem, afastando
O infortúnio e a tempestade.

Amizade tão discreta
Reconforta toda gente,
Tanto mais o duplamente
Judiado, que é o poeta.



Die Engel.

Freylich ein ungläub’ger Thomas
Glaub’ ich an den Himmel nicht,
Den die Kirchenlehre Romas
Und Jerusalems verspricht.

Doch die Existenz der Engel,
Die bezweifelte ich nie;
Lichtgeschöpfe sonder Mängel,
Hier auf Erden wandeln sie.

Nur, genäd’ge Frau, die Flügel
Sprech’ ich jenen Wesen ab;
Engel giebt es ohne Flügel,
Wie ich selbst gesehen hab’.

Lieblich mit den weißen Händen,
Lieblich mit dem schönen Blick
Schützen sie den Menschen, wenden
Von ihm ab das Mißgeschick.

Ihre Huld und ihre Gnaden
Trösten jeden, doch zumeist
Ihn, der doppelt qualbeladen,
Ihn, den man den Dichter heißt.



HEINE, Heinrich. "Poema do tempo". In:_____. heine hein? poeta dos contrários. Introdução e traduções de André Vallias. São Paulo: Perspectiva, 2011.

4 comentários:

  1. Amado amigo Cicero,


    Felicidades máximas,paz e luz! Feliz aniversário! Viva! Viva!


    Abraço fortíssimo,
    Adriano Nunes

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  2. Doce é a lágrima
    que sobrevoa
    Na vertigem da lagoa
    Um mundo
    Inundado de luz
    Basta uma centelha
    Da lua cheia
    E o vôo da abelha
    escorre mel
    Sem saber se é dia,
    ou
    Sem saber se é poesia,
    ou
    Sem saber se poderia
    Amar-te algum dia.

    (Feliz aniversário, Cicero, ah como eu gostaria de estar contigo neste dia, bj!)

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