Amor é um fogo que arde sem se ver,
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente,
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É um cuidar que se ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
CAMÕES, Luís de.
Lírica completa II. Sonetos. Lisboa: Imprensa Nacional / Casa da Moeda, 1980.
Cicero,
ResponderExcluirobrigado por relembrar, talvez, um dos mais conhecidos (senão, o mais!) sonetos do mundo! E tão belo! Imponente e universal! Salve Camões!
Abraço fortíssimo,
Adriano Nunes
De tão conhecido, é um aconchego esse poema.
ResponderExcluirConheci este soneto no ano de 1970. Faz tempo...
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