10.3.14

Mikhail Kuzmín: "Amor": trad. de Valério Perliéchin e H. Marques Passos



Como se sabe, o mesmo poema pode ser traduzido – “transcriado”, dizia sabiamente o saudoso Haroldo de Campos – de muitos modos diferentes. Cada transcriação de um mesmo poema é um poema novo. E nada impede que um mesmo poema tenha ensejado mais de uma excelente transcriação.
Assim, já tive oportunidade de publicar aqui uma bela transcriação, feita pelo Oleg Almeida, do poema “Amor”, de Mikhail Kuzmin. Agora, Alexander Zhebit, do Instituto Cultural Brasil – Rússia, acaba de me enviar outra bela transcriação do mesmo poema, feita por Valério Pereliéchin e H. Marques Passos, explicando que Pereliéchin, que foi um poeta russo que chegou ao Brasil em 1952, vindo de Xangai, e faleceu em 1992 no Rio de janeiro, “foi reconhecido pelos círculos intelectuais e críticos no Exterior Russos (imigrantes da União Soviética) como um dos maiores poetas russos no Hemisfério Ocidental” E adiciona: “Com o arquivo dele tive o prazer e a honra de trabalhar em 1993-1994”.


Agradecendo a Alexader Zhebit, reproduzo o poema de Mikhail Kuzmín, na transcriação de Valério Préliéchin e H. Marques Passos:




Amor

Quando te encontrei pela primeira vez,
não me lembra a frágil memória
se era manhã, ou dia,
ou tarde, ou noite profunda.
Só me lembram as faces empalecidas,
os olhos cinzentos sob as sobrancelhas escuras,
a gola azul rente à nuca morena,
e me parece ter visto tudo isso na tenra infância,
embora eu seja muito mais idoso do que tu.



Um comentário:

  1. É Cícero: a beleza é um momento, um breve momento e nada mais... abç

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