1.2.13

Antonio Cicero: "Nihil"








Nihil

nada sustenta no nada esta terra
nada este ser que sou eu
nada a beleza que o dia descerra
nada a que a noite acendeu
nada esse sol que ilumina enquanto erra
pelas estradas do breu
nada o poema que breve se encerra
e que do nada nasceu




CICERO, Antonio. Porventura. Rio de Janeiro: Record, 2012.


6 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. Cicero,

    um belíssimo poema, muito amplo em sentidos e imagens, contrastando com próprio canto do nada. E eis a prova de uma grande criação poética: Todo feito de decassílabos intercalados por redondilhas maiores. E mais: Decassílabos todos com marcação na sétima! Viva! Por este e por todos os poema que há em "Porventura é que, como já afirmei antes, "Porventura" é um dos mais belos livros que já li e que me inspira tanto! Grato por você existir em minha vida!


    Abraço forte,
    Adriano Nunes

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  3. Fantástico. Com a devida vênia, repostei em meu tumbrl.
    Abçs

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  4. Cicero, desde que comprei o seu Porventura este poema não deixa de ressoar em minha mente. Nihil hoje está em cada célula, em cada ribossomo de neurônio meu e, vez por outra, me pego declamando-o em voz baixa, internamente como um mantra. É triste e engraçado como a tragédia do nada foi incorporada com prazer no meu cotidiano. Te agradeço o presente, a métrica perfeita de Nihil, que se faz viva e que gera vida em mim. abraço, Luis Ludmer

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  5. Querido poeta Antonio, sou fã de teu trabalho e acompanho teu blog, minha dose diária de inspiração e belezas. Estou tendo a ousadia de enviar um poema, também foi gravado em vídeo pelo ator Carlos Eduardo Valente.Um grande abraço José Couto

    O Templo

    eu penso no hálito de gim e café frio
    do solitário cafetão sifilítico
    quando vejo a magreza das meninas
    contabilizando minguados michês
    de seus corpos ocres de não tempo

    eu penso no odor do liberal
    em sua singela sinceridade
    distribuindo moedas
    nos semáforos do tempo interrompido

    um desolhar de revés
    tempo desassossegado fluindo indo in

    eu penso no êxtase de jimi rendrix compondo little wing
    o ácido no pico exercendo a não liberdade
    quando ouço um acorde dissonante ou iluminado
    transmutando-nos em seres delicados altruístas
    ressignificando perversas desumanidades

    eu penso em charles baudelaire
    alucinado de ópio e insight desfigurado
    reescrevendo a modernidade
    "é que nossa alma arriscou pouco ou quase nada."
    quando escrevo o que minha anima inspira
    nessas horas onde o tempo germina
    auroras luminosas de nossa impermanência

    um desolhar de revés
    tempo de sincronicidade
    relâmpagos dissipando-se em silêncios

    José Couto
    https://youtu.be/2-dm6_YQTsI

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  6. Obrigado, José Couto. Gostei muito do seu poema e da leitura feita pelo Carlos Eduardo Valente.

    Abraço

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